Entre janeiro e setembro de 2025, o estado do Maranhão registrou 126 casos de queimaduras em crianças de 1 a 4 anos, ficando em 11º lugar nas estatísticas no Brasil . Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, sete em cada dez acidentes acontecem dentro de casa. A faixa etária de 1 a 4 anos é a mais atingida – reflexo de uma combinação que inclui curiosidade intensa, rapidez nos movimentos e pouca noção de perigo.
Cozinha: acidentes que acontecem em segundos
A maior parte das ocorrências acontecem com líquidos quentes, segundo a pediatra e membro da ONA, Mariana F. Falavina Grigoletto. No cotidiano das casas brasileiras, basta um cabo de panela virado para fora, uma xícara quente à beira da mesa ou panela recém-retirada do fogo, para que o risco se transforme em queimadura.
Em muitos atendimentos, explica a pediatra, o cenário se repete. “A criança puxa o cabo, tropeça no pano da mesa, esbarra no copo, mexe na cafeteira e tenta alcançar recipientes aquecidos. Todo cuidado é pouco com os pequenos”.
Embora menos frequentes, as queimaduras por chama ou líquidos inflamáveis costumam ser mais graves. “Dentre as queimaduras químicas, a ingestão de soda cáustica é a principal causa de queimaduras em crianças. Pilhas e baterias, quando ingeridas ou rompidas, seguem como ameaça silenciosa devido ao conteúdo corrosivo”, alerta a Dra. Mariana.
Tomadas, fios e sol forte completam os riscos
Choques elétricos também aparecem entre os acidentes mais comuns na infância. Tomadas sem proteção, fios desencapados e extensões improvisadas, muitas vezes passam despercebidos no ambiente doméstico.
No verão, o sol se torna outro vilão. Vermelhidão, dor e calor local são sinais de queimadura solar, mais frequentes entre 10h e 16h, período de maior radiação.
O que fazer quando a queimadura acontece?
“Jamais use gelo, clara de ovo, manteiga, pasta de dente, pomadas, óleo de cozinha ou qualquer outra receita caseira sobre a área queimada. Esses produtos agravam a lesão e aumentam o risco de infecção”, alerta a pediatra.
A primeira medida recomendada é resfriar a área com água corrente fria, nunca gelada — por 10 a 20 minutos. Antes do inchaço, remova anéis, pulseiras e acessórios. “Roupas grudadas na pele não devem ser retiradas, pois podem arrancar tecido vivo; se necessário, corte apenas o que estiver solto. Se houver bolhas, não estoure!”, recomenda a Dra. Mariana.
É importante procurar atendimento de urgência se houver:
- Bolhas
- Febre, dor intensa ou pus
- Aumento de vermelhidão
- Queimaduras em rosto, mãos, pés e genitais
- Náuseas, sonolência ou desmaio.
Prevenção ainda é o cuidado mais eficaz
A maior parte dos acidentes poderia ser evitada com pequenas mudanças na rotina doméstica. Entre as principais recomendações da pediatra são:
- Evite segurar a criança no colo enquanto cozinha ou manuseie líquidos quentes.
- Mantenha fósforos, isqueiros e álcool fora do alcance das crianças.
- Vire os cabos das panelas para dentro.
- Priorize as bocas de trás do fogão.
- Evite que as crianças se aproximem de forno e fogão assim como ferro de passar roupa e chapinhas.
- Nunca deixe objetos ou líquidos quentes nas bordas das mesas
- Evite toalhas compridas que facilitem os puxões.
- Atenção ao micro-ondas: o aquecimento é irregular e pode gerar queimadura na boca
- Guarde os produtos químicos em locais altos e trancados.
- Tampe tomadas e redobre a atenção com fios soltos e desencapados.
- Descarte pilhas e baterias adequadamente.
- Teste sempre a temperatura da água do banho, antes de colocar a criança.
- Aplique protetor solar, reaplicando a cada duas horas, após mergulho ou suor excessivo.
- Evite exposição solar entre 10h e 16h. Use roupa leve, chapéu, óculos e acessórios de proteção.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/maranhao-registra-mais-de-120-casos-de-queimaduras-em-criancas-de-1-a-4-anos-em-2025/
