Mais de 300 mil pessoas vivem com algum tipo de deficiência visual no Maranhão, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Censo de 2022.
O número coloca o estado entre os que apresentam maior proporção de pessoas com deficiência no país. Essa informação é parte de um total de 536.103 pessoas com algum tipo de deficiência no Maranhão, representando 8,1% da população com dois anos ou mais, um percentual superior à média nacional de 7,3%.
Deste grupo, a deficiência visual — ou seja, pessoas cegas ou com baixa visão — é a mais prevalente, com cerca de 328.803 pessoas afetadas no estado. Na capital, São Luís, observa-se que cerca de 7,6% da população (cerca de 77 mil pessoas) têm alguma deficiência, superando a média nacional.
A realidade por trás das estatísticas, porém, vai além dos números. Falta de acessibilidade urbana, barreiras na educação, dificuldades de inserção no mercado de trabalho e carência de políticas efetivas tornam o cotidiano das pessoas com deficiência visual um desafio permanente.
“A maioria das cidades maranhenses ainda não possui calçadas acessíveis, semáforos sonoros ou transporte público adaptado. Isso limita a autonomia e a dignidade de quem tem deficiência visual”, avalia Luciana Nunes, educadora e voluntária em projetos de inclusão na capital.
Parcela significativa da população com deficiência
No Maranhão, a deficiência visual representa uma parcela significativa da população com deficiência — mais de 300 mil pessoas — e desafia o estado e seus municípios a avançarem em inclusão, acessibilidade e cidadania plena. Em São Luís e em outros municípios, há leis, iniciativas e centros de apoio que sinalizam compromisso, mas a trajetória de implementação ainda exige força, investimento e articulação. Para que a pessoa com deficiência visual no interior do estado tenha as mesmas oportunidades da capital — de estudar, trabalhar, se locomover de forma autônoma e participar da vida social — será necessário que o salto seja dado não apenas em políticas anunciadas, mas em ações concretas no chão.
Leis municipais buscam ampliar acessibilidade
Em São Luís, a Lei nº 7.648/2024 obriga a implantação de sinalização tátil e sonora em logradouros públicos, além da adaptação de faixas de pedestres e calçadas. A medida pretende garantir o “pleno exercício dos direitos e deveres” das pessoas com deficiência visual.
Na prática, porém, ainda há lacunas. Em muitas áreas da capital, os pisos táteis terminam em postes ou não levam a travessias seguras. Nos municípios do interior, a ausência de estrutura é ainda mais evidente.
Educação e alfabetização
No âmbito da educação pública, há avanços importantes: o estado conta com o Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual do Maranhão “Ana Maria Patello Saldanha” (CAP/MA), órgão que atua como núcleo de referência para produção de materiais acessíveis (como braille), apoio didático e formação contínua de professores para estudantes cegos ou com baixa visão.
Mesmo assim, a realidade municipal mostra obstáculos persistentes: por exemplo, o analfabetismo entre pessoas com deficiência no Maranhão atinge 34,5%, quase três vezes o índice da população geral sem deficiência (11,39%).
13 de dezembro
Marcada principalmente pelo Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, instituído em homenagem a Santa Luzia, padroeira dos olhos.
O Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual foi instituído em 1961 para combater o preconceito, aproveitando a data de Santa Luzia, protetora dos olhos, que teve seus olhos arrancados por sua fé. Santa Luzia, celebrada pela Igreja Católica, é a protetora da visão, com rituais e devoção em várias cidades.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/maranhao-tem-mais-de-300-mil-deficientes-visuais-aponta-ibge/
