6 de julho de 2025
Maranhense faz inovação contra queimaduras
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De 10 a 16 de maio, Columbus, Ohio (EUA), será palco da Regeneron International Science and Engineering Fair (ISEF), a principal feira de ciência pré-universitária do planeta. Entre cerca de 1.800 jovens de 80 países, estará Sofia Mota Nunes, de 16 anos, estudante de Imperatriz, única representante do Maranhão.

32 edições do evento

A vaga foi conquistada na Mostratec-Liberato, mostra brasileira de pesquisa júnior mais antiga na ISEF, presente desde 1993. Neste ano, a Mostratec-Liberato celebra 32 edições consecutivas no evento e credenciou 13 finalistas de oito estados. Sofia destaca-se com o projeto mais inovador do Maranhão: um curativo em forma de “pele artificial” para acelerar a cicatrização de queimaduras de segundo grau e substituir a epiderme em casos mais graves.

Orientada pelo professor Carlos Fonseca Sampaio, da Escola Santa Teresinha, Sofia desenvolveu uma película que protege a ferida, hidrata o tecido e estimula o crescimento celular. No laboratório, o material mostrou-se resistente e flexível, ajustando-se aos contornos do corpo sem romper. Sob o microscópio, as fibras formadas lembraram a morfologia da pele humana, provando a união sólida entre os componentes.

Para compor a base do curativo, a aluna utilizou quitosana — extraída de carapaças de crustáceos — e ácido acético a 5%, aliados a hidrogéis e ácido hialurônico que aumentam a retenção de umidade. A albumina fornece nutrientes essenciais, enquanto o óleo de buriti, fruto típico do Maranhão, confere ação anti-inflamatória e cicatrizante. “O produto busca tornar o tratamento de queimaduras mais acessível, independentemente da extensão da área afetada”, explica Sofia.

Necessidade do sistema de saúde brasileiro

Além da economia de recursos, a proposta de Sofia responde a uma necessidade do sistema de saúde brasileiro, que carece de opções eficazes e baratas para queimaduras graves. Atualmente, muitos hospitais dependem de materiais importados a altos custos ou de microrganismos retirados do próprio paciente, métodos que geram mais despesas e prolongam as internações. O curativo de produção local promete reduzir gastos e acelerar a recuperação.

Ao falar da economia de recursos, a jovem cientista ressalta ainda a dimensão humana da sua descoberta. “Acredito no potencial da minha proposta para ajudar as pessoas de forma acessível, tanto fisicamente quanto psicologicamente”.

Em Ohio, Sofia pretende trocar experiências com colegas de diversos países e conhecer avanços em bioengenharia de tecidos. A participação na ISEF abre portas para estágios, bolsas de estudo e parcerias com universidades renomadas mundialmente, sendo um grande passo não só para a carreira da estudante, mas também para a visibilidade da pesquisa científica no Maranhão.
13 estudantes oriundos do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Maranhão, Amazonas e Amapá, estarão na mostra.

Conheça o projeto

A formulação de enxertos artificiais para regeneração celular e tratamento de queimaduras constitui um avanço significativo no campo da bioengenharia de tecidos, com ênfase no desenvolvimento de soluções de baixo custo. 

Este projeto tem como objetivo principal superar as limitações das terapias regenerativas atualmente disponíveis para o tratamento de queimaduras severas, as quais exigem reparação tecidual rápida para prevenir infecções e perda de função. Para tanto, propõe-se a criação de uma pele artificial economicamente viável, capaz de promover a regeneração de tecidos profundos e hidratar a área afetada, por meio de uma matriz biopolimérica otimizada.

No desenvolvimento do biofilme, foram utilizados ácido acético a 5% e quitosana como base, complementados por hidrogéis, ácido hialurônico, albumina e óleo de buriti. Esses componentes foram selecionados devido às suas propriedades benéficas no processo de cicatrização, tais como biocompatibilidade, capacidade de hidratação e estímulo à regeneração celular.

Acredito no potencial da minha proposta para ajudar as pessoas de forma acessível, tanto fisicamente quanto psicologicamente

O produto final demonstrou uma estrutura sólida e uniforme, evidenciando a compatibilidade entre os materiais e a formação de um filme coeso e funcional. 

Análises realizadas por lupa eletrônica revelaram a formação de fibras na estrutura do biofilme, indicando uma morfologia semelhante à da pele humana. Esses resultados sugerem que a formulação desenvolvida possui grande potencial como alternativa viável e economicamente acessível para aplicações em medicina regenerativa, particularmente na reconstituição do tecido epitelial em casos de queimaduras. 

Conclui-se, portanto, que o destaca-se como uma solução promissora para o tratamento de lesões cutâneas graves.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/05/maranhense-faz-inovacao-contra-queimaduras/