24 de agosto de 2025
Maranhenses estão em listas de transmissão de Bolsonaro
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A Polícia Federal (PF) revelou novos elementos no inquérito que resultou em mais um indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), desta vez acusado de tentar interferir no andamento do processo que responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. 

A investigação analisou mensagens trocadas por Bolsonaro a partir do celular apreendido pela PF, identificando o envio sistemático de conteúdos a aliados por meio de listas de transmissão.

Segundo o relatório final do inquérito, Bolsonaro mantinha quatro listas de transmissão no WhatsApp, intituladas “Deputados”, “Senadores”, “Outros” e “Outros 2”, com um total de 396 contatos. Entre os maranhenses que figuram nas listas estão o ex-senador Roberto Rocha, o deputado estadual Dr. Yglésio, o vice-presidente do PL de São Luís, Filipe Arnon, e o blogueiro Francisco Mello, todos identificados como receptores frequentes de mensagens do ex-presidente.

O uso de listas de transmissão permite enviar a mesma mensagem para múltiplos destinatários de forma individualizada, sem que eles percebam a existência dos outros contatos. Cada mensagem chega como se fosse enviada apenas para aquele destinatário específico, e as respostas retornam apenas ao remetente. Para a PF, esse mecanismo possibilitou a Bolsonaro driblar restrições impostas pelo STF, mantendo comunicação ativa com aliados e apoiadores mesmo após medidas cautelares que lhe proibiam de usar redes sociais, direta ou indiretamente.

Além dos maranhenses, a lista incluía figuras de destaque do Partido Liberal, como os filhos do ex-presidente — o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) —, além de ex-ministros como Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni. Na lista “Outros”, estão líderes religiosos, prefeitos, advogados, empresários, médicos e parlamentares de direita, incluindo o pastor Silas Malafaia, alvo de busca e apreensão na última quarta-feira (20), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), além do vice-prefeito Ricardo Mello Araújo (PL).

Conteúdo detalhado

O relatório da PF detalha que os conteúdos enviados incluíam vídeos de manifestações pelo país, mensagens de apoio a seguidores e orientações para aliados. Esses conteúdos foram encontrados pelo menos 338 vezes no aparelho de Bolsonaro, evidenciando uma prática de disparos em massa, o que reforça a conclusão de que o ex-presidente ignorou as medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes em 18 de julho.

Diante das constatações, Moraes estabeleceu um prazo de 48 horas para que a defesa do ex-presidente se manifeste sobre “os reiterados descumprimentos das medidas cautelares, a reiteração das condutas ilícitas e a existência de comprovado risco de fuga”. Em nota, os advogados de Bolsonaro afirmaram ter sido surpreendidos pelo indiciamento, que inclui acusações de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

O caso revela a estratégia de Bolsonaro de manter comunicação direta e direcionada com aliados políticos e influenciadores, reforçando sua capacidade de mobilização fora dos canais institucionais e demonstrando como as redes privadas de mensagens podem ser utilizadas em contexto político sensível. 

Para os maranhenses citados, a presença nas listas de transmissão evidencia proximidade com o ex-presidente e participação no fluxo de informações que motivou a nova etapa da investigação.

Maranhenses citados nas listas de transmissão:

Roberto Rocha (ex-senador)
Dr. Yglésio (deputado estadual)
Filipe Arnon (vice-presidente do PL São Luís)
Francisco Mello (blogueiro)

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/08/maranhenses-estao-em-listas-de-transmissao-de-bolsonaro/