Melhor idade: novas vivências, desafios e conquistas

No início do mês de outubro foi marcado pelo Dia Internacional da Pessoa Idosa, quando o olhar da sociedade se volta para os direitos, conquistas e também os desafios que marcam essa fase da vida. Mais do que uma data de celebração, o momento é um convite à reflexão sobre o envelhecer com dignidade e qualidade.

O Imparcial conversou com Joana Mendes, de 82 anos, servidora pública aposentada. Para ela, envelhecer não é sinônimo de parar, mas de despertar para novas oportunidades. Ativa, independente e cercada pela família, ela compartilhou sua experiência sobre como é viver a chamada “melhor idade”.

“Diante dos desafios que a idade apresenta, a medicina ajuda a superá-los da melhor forma possível”, conta Joana, que cuida da saúde com alimentação equilibrada, pilates, dança e atividades em grupo. Além disso, o acesso a consultas e tratamentos nunca foi um obstáculo. “Sim. Além do SUS, por possuir plano de saúde tenho acesso a um atendimento mais rápido, estou satisfeita”.

Leis que ainda precisam sair do papel

Apesar dos avanços trazidos pelo Estatuto do Idoso, sancionado em 2003, ainda há dificuldades no cotidiano. Joana destaca que nem todas as políticas públicas são cumpridas como deveriam. “Parcialmente. Nem todas as políticas públicas são aplicadas totalmente. Não há, por exemplo, uma fiscalização rigorosa na questão da acessibilidade, como as calçadas sem padrão que dificultam a mobilidade de um modo geral”, afirma.

Ela já recorreu a direitos garantidos pelo Estatuto, como a gratuidade no transporte e a prioridade de atendimento, mas acredita que ainda há um longo caminho pela frente. “Cumprir o Estatuto, para implementação de mais políticas públicas, para que mais pessoas sejam beneficiadas e saibam seus direitos”.

Viagens, espiritualidade e lazer

Se saúde e cidadania são preocupações constantes, a vida também se faz de momentos de lazer. Joana dedica parte da rotina à leitura, ao artesanato, às atividades físicas e às viagens. Recentemente esteve na Itália e em Portugal, experiências que marcaram sua fé e sua visão de mundo.

“Viajar é sempre uma boa experiência, ver novas paisagens, outras culturas e histórias. Na minha última viagem, como católica, na Itália, pude vivenciar o Jubileu dos Catequistas em Roma. Uma experiência única, uma peregrinação com celebrações e caminhadas pelo Vaticano com o Santo Padre”.

No entanto, ela acredita que ainda faltam opções de lazer voltadas ao público idoso. “As que conheço são organizadas por entidades não governamentais, como associações de bairros. Acho que a administração pública deveria oferecer algum programa abrangente que fosse acessível a todas as camadas sociais e frequente”.

Planos, sonhos e conquistas

Aos 82 anos, Joana não vê o tempo como um freio, mas como possibilidade de aprender mais e viver melhor. “Com certeza! Mais viagens, descobrir o novo e colocar em prática. Aprender o que puder para viver melhor”, revela. A maior conquista da sua vida, ela diz sem hesitar, foi a formação acadêmica, que abriu portas para uma boa carreira e independência. Hoje, o que mais lhe traz alegria é a convivência em família e a participação em eventos culturais e religiosos.

Sobre o futuro, é simples no desejo, mas grandioso na essência. “Saúde para me manter ativa e continuar fazendo as coisas que gosto”.

O olhar da sociedade sobre o envelhecer

Ao refletir sobre como a sociedade deve enxergar os idosos, Joana é firme. 

“Com respeito, com o cumprimento das leis que favoreçam os idosos. Que possamos ter mais participação nos debates sobre políticas públicas e acessibilidade”.

Para ela, envelhecer é um processo que traz tanto perdas quanto ganhos: limitações físicas de um lado, e liberdade de tempo do outro. Um equilíbrio entre cuidar do corpo e abrir espaço para novas experiências. “Despertar para novas oportunidades, novas vivências, espiritualidade e cuidados para uma boa saúde e qualidade de vida”, resume Joana, que segue planejando novas viagens, cercada de família e fé.