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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes brincou que a suspensão do julgamento do orçamento secreto na Corte, em 15 de dezembro de 2022, impediu que a organização criminosa concretizasse um plano para executá-lo naquele dia. O relato foi feito em tom de brincadeira, após o ministro Flávio Dino dizer que “o orçamento secreto sempre aparece” nesses casos. Moraes, que é relator dos processos referentes à tentativa de golpe, detalhou o cronograma da ameaça:

“No dia 12, houve os atos ilícitos em relação à Polícia Federal, todo o caos gerado pela organização criminosa em Brasília. No dia 13, o monitoramento indagava sobre a minha localização, dizendo que eu havia ido a São Paulo, por motivos óbvios, e que retornaria no dia 14. Assim, marcou-se a data para o dia 15 [o assassinato do ministro]. No dia 15, acabamos atrasando a sessão do Supremo Tribunal Federal por conta do julgamento do orçamento secreto.”

Dino, então, brincou: “O orçamento secreto sempre aparece no meio disso tudo”. Moraes acrescentou: “Mas, dessa vez, pode ter salvo a minha vida”. Dino completou: “Descobri algo útil no orçamento secreto”.

Denúncia da PGR

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os réus da tentativa de golpe já havia afirmado que o plano de assassinato de Moraes só não foi adiante porque a rede criminosa descobriu que, naquele dia 15 de dezembro de 2022, o julgamento do orçamento secreto havia sido suspenso após pedido do ministro Ricardo Lewandowski.

A informação da suspensão só teria chegado aos golpistas por meio de uma reportagem do Metrópoles. Com o pedido de suspensão, a então presidente da Corte, ministra Rosa Weber, remarcou a análise do caso para a semana seguinte, o que acabou por minar o plano que, posteriormente, foi descoberto em investigação da Polícia Federal.

O ministro Flávio Dino, presidente da Primeira Turma, é relator de processos no STF referentes ao orçamento secreto e às emendas parlamentares. Na última semana, ele autorizou uma operação da Polícia Federal (PF) que mirou uma ex-assessora do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).