8 de novembro de 2025
Mulheres quilombolas do Maranhão levam saberes do babaçu à COP30
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Foi à sombra de uma mangueira, em um encontro simples, mas cheio de propósito, que nasceu a Quilombás, marca criada por mulheres de dez comunidades quilombolas do município de Cantanhede, no Maranhão. Dali, das comunidades Viúva e Cachimbo, surgiu uma iniciativa que une ancestralidade, sustentabilidade e geração de renda.

O projeto, que começou de forma comunitária, agora se prepara para um palco global. A Quilombás foi selecionada para apresentar seus produtos na COP30, maior conferência climática do mundo, que será realizada em Belém (PA), em 2025, um marco para a visibilidade e o protagonismo das mulheres quilombolas maranhenses.

Com apoio do Sebrae Maranhão, Senar e Instituto Vida Geradora (IVG), o grupo passou a enxergar no babaçu, fruto abundante na região e parte essencial da cultura quilombola, uma fonte de transformação. As mulheres foram capacitadas para produzir biojoias, sabonetes, aromas e artesanatos orgânicos, unindo tradição e inovação.

Sustento e orgulho

Hoje, o grupo reúne 80 mulheres que encontraram na marca não apenas uma fonte de renda, mas também de afirmação identitária.

“Pra nós, o babaçu é um orgulho, uma conquista muito importante pra comunidade e pra nós mulheres. É uma alegria mostrar nossos produtos e ver que estamos crescendo como pessoas e profissionais”, diz Rosimeire Mendes Araújo, uma das artesãs.

Rosimeire se emociona ao lembrar até onde o trabalho chegou: “A gente nunca imaginou que os produtos fossem para Portugal, Inglaterra ou eventos internacionais. Agora, com a COP30, é mais um passo pra nossa história.”

Força e aprendizado coletivo

A trajetória da Quilombás é marcada por superação. “Queremos mostrar que a mulher pode tudo, que somos capazes de conquistar e aprender”, afirma Lourdimar Mendes, liderança do grupo.

Ela relembra o início desafiador: “Eu só sabia quebrar o babaçu. Achava que não ia aprender. Hoje, transformo ele em peças, sabonetes e aromas que ajudam no sustento da família.”

O babaçu, antes parte apenas do cotidiano, virou símbolo de independência. “Vem das nossas avós e mães. Antigamente, a palha servia pra cobrir casas. Agora, descobrimos que podemos fazer materiais lindos e de qualidade”, completa Lourdimar.

Da raiz à vitrine mundial

O reconhecimento do trabalho ultrapassou fronteiras. A participação na COP30 destaca a economia criativa e sustentável do Maranhão, com mulheres quilombolas no centro da transformação.

“Cada peça carrega história, saber e identidade. É o reflexo de um Brasil que cria e renasce todos os dias”, resume Maria Alice Ferreira Mendes, integrante da marca.

Apoio e fortalecimento

O objetivo é fortalecer o protagonismo feminino e valorizar saberes locais como motores de desenvolvimento sustentável. “O resultado vai muito além da produção de biojoias. A participação da Quilombás na COP30 é o reconhecimento do potencial criativo e sustentável das mulheres quilombolas do Maranhão”, avalia Carlos Marques, gerente adjunto do Sebrae na regional Lençóis-Munim.

Segundo ele, o trabalho conjunto mostra que tradição e inovação podem caminhar juntas. “Nosso compromisso é seguir apoiando iniciativas que unem inclusão, sustentabilidade e geração de valor para as comunidades maranhenses.”

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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/11/mulheres-quilombolas-do-maranhao-levam-saberes-do-babacu-a-cop30/