
A morte de Nana Caymmi, aos 84 anos, nesta quinta-feira (1º), no Rio de Janeiro, encerra uma das mais marcantes trajetórias da música popular brasileira. A cantora, internada desde agosto do ano passado na Clínica São José, em Botafogo, devido a uma arritmia cardíaca.
Numa noite de quinta-feira, no longínquo 16 de agosto de 2011, Nana fez um show histórico em São Luís que na ocasião, ocorreu noi Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, no bairro Cohafuma. Nana Caymmi, voz aveludada e alma entregue, apresentou um repertório repleto de seus grandes sucessos — de Cais a Resposta ao Tempo, passando por Não se Esqueça de Mim e Ponta de Areia. O público maranhense, emocionado, se deliciava com a sofisticação de uma artista em plena forma, cuja presença no palco exalava elegância e visceralidade. O show celebrava os 11 anos de carreira da produtora Ópera Night.
O que ninguém — nem mesmo os organizadores — esperava era o anúncio que Nana faria ao final da apresentação. Em voz firme, ela revelou que aquele seria seu último show: estava encerrando sua carreira nos palcos e seguiria para a merecida aposentadoria em sua fazenda em Minas Gerais. E revelou que o show em São Luís aconteceu após muitas conversase negociações, pois ela já havia decidido parar com suas apresentações.
O silêncio que se seguiu ao anúncio foi imediatamente substituído por uma ovação carregada de surpresa, gratidão e emoção. A notícia pegou a todos de surpresa — inclusive a mim, presente naquela noite memorável. Era como se o tempo tivesse parado, e, com ele, o Brasil inteiro prendesse a respiração diante da despedida de uma de suas maiores intérpretes. Lembro como se fosse hoje aquele momento todos cantando em coro com ela o refrão: “Onde você estiver, não se esqueça de mim. Com quem você estiver, não se esqueça de mim. Eu quero apenas estar no seu pensamento Por um momento pensar que você pensa em mim…”, do clássico de Roberto Carlos.
Nana Caymmi nasceu no berço da música. Filha do mestre Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, herdou e ressignificou o talento da família com personalidade única. Iniciou a carreira nos anos 1960 e gravou ao todo 27 discos, dois deles ao vivo. Ao longo das décadas, consolidou-se como uma das maiores vozes da canção brasileira, reverenciada por músicos, críticos e fãs.
Mesmo após a aposentadoria dos palcos, Nana seguiu presente na música. Em 2019, homenageou Tito Madi com um álbum. No ano seguinte, gravou interpretações de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Em 2024, emocionou novamente ao dividir com Renato Braz uma faixa em homenagem a Tim Maia.
Ao anunciar o falecimento da irmã, Danilo Caymmi declarou: “O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo, enfim.” Ele também fez um apelo para que a notícia fosse compartilhada com os muitos fãs espalhados pelo país.
O show em São Luís, que já era um marco, ganha agora um novo significado. Foi o adeus de uma diva em pleno esplendor artístico, um momento mágico em que Nana escolheu sair de cena como viveu: com dignidade, emoção e uma entrega absoluta à arte.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/entretenimento-e-cultura/2025/05/nana-caymmi-fez-show-historico-em-sao-luis/