
Uma pesquisa paleontológica coordenada pelo professor Elver Mayer, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), resultou na identificação de uma nova espécie de dinossauro no Maranhão. Os fósseis, agora devolvidos ao estado, foram encontrados em 2021 durante obras de construção de um terminal ferroviário da empresa Brado Logística, no município de Davinópolis, no sudoeste maranhense.
Ao todo, foram identificados 13 elementos ósseos, que pertencem a um dinossauro saurópode do grupo dos titanossauros — animais herbívoros de grande porte, com pescoço longo e cabeça pequena. O exemplar maranhense media cerca de 18 metros de comprimento, sendo o maior já encontrado no estado. A estimativa é de que o fóssil tenha cerca de 100 milhões de anos, do período Cretáceo.
A descoberta foi feita em plena pandemia da Covid-19, quando fortes chuvas expuseram os ossos em um barranco escavado para adequações topográficas. Inicialmente, o material foi confundido com restos de uma preguiça gigante. No entanto, o arqueólogo Daniel Ribeiro da Silva, da empresa Arqueologística, percebeu sua importância e acionou as autoridades competentes.
Na época, Mayer atuava na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e assumiu a coordenação da pesquisa devido à proximidade com o local da escavação. O material foi levado ao campus da Unifesspa em São Félix do Xingu (PA), onde passou por etapas de limpeza e reconstituição. Já como docente da Univasf, Mayer reuniu especialistas de diversos estados para a análise aprofundada dos fósseis.
Os resultados deram origem a um artigo científico que oficializa a nova espécie, cujo nome será revelado com a publicação prevista para o segundo semestre de 2025.
“A importância dessa descoberta é tão grande quanto os fósseis encontrados. Trata-se de uma nova espécie, localizada em um intervalo de tempo intermediário entre os grandes saurópodes já conhecidos no Brasil, o que contribui significativamente para o entendimento da diversidade desses animais no Cretáceo”, destaca Elver Mayer.
O retorno dos fósseis ao Maranhão foi supervisionado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e está em conformidade com a Lei de Proteção ao Patrimônio Fossilífero, que considera todo fóssil encontrado no Brasil como patrimônio da União.
Embora a legislação permita que fósseis sejam mantidos em instituições de fora de seu local de origem, Mayer defendeu o retorno ao estado como um gesto de valorização regional.
“Vivemos em um país com um histórico de colonização, e é comum ouvirmos relatos sobre riquezas naturais levadas para fora, muitas vezes até para outros países. Na paleontologia, felizmente, temos avançado no sentido de manter os fósseis próximos dos locais onde foram descobertos. No caso do Maranhão, essa escolha tem um peso simbólico. As pessoas se identificam com sua terra, com sua história e, por extensão, com aquilo que é próprio de sua região”, afirmou o professor.
Os fósseis estão em exposição no Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão, em São Luís, onde poderão ser visitados por um mês. Depois, serão destinados à comunidade científica para novos estudos, consolidando a descoberta como um marco na paleontologia brasileira e na preservação do patrimônio natural maranhense.
*Fonte: Universidade Federal do Vale do São Francisco
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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/08/nova-especie-de-dinossauro-e-identificada-no-maranhao-e-fosseis-retornam-ao-estado-apos-estudo-cientifico/