O IBGE disponibiliza hoje (4), como parte da divulgação da Síntese de Indicadores Sociais 2024, uma nova análise das condições de vida dos brasileiros em 2023 segundo estratos geográficos. Trata-se de um estudo experimental, com dados para sete indicadores selecionados, abarcando os temas trabalho, renda, moradia e educação, em um recorte mais granular do território nacional.
Foram determinados 146 estratos, compostos por municípios contíguos, dentro da mesma unidade da federação, com alguma similaridade ou relação entre si, permitindo a elaboração de estimativas com precisão estatística que ultrapassa o limite do município da capital, até então o menor recorte territorial considerado em um levantamento por amostragem domiciliar.
A publicação destacou sete indicadores para análises por meio de cartogramas: nível de ocupação das pessoas de 14 anos de idade ou mais; taxa de desocupação das pessoas de 14 anos de idade ou mais; proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 6,85 por dia em paridade do poder de compra (PPC); proporção de pessoas vivendo em domicílios com esgotamento por rede coletora ou pluvial; proporção de pessoas vivendo em domicílios com máquina de lavar roupa; proporção de pessoas vivendo em domicílios com acesso à internet; e proporção de pessoas de 18 anos de idade ou mais com no mínimo 12 anos de estudo.
A maioria dos brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza residia em Arcos Metropolitanos e no interior das regiões Norte e Nordeste
Em 2023, no Brasil, 27,4% da população tinha rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 6,85 por dia em paridade de poder de compra, valor definido pelo Banco Mundial para a linha de pobreza de países com renda média-alta. As proporções mais altas de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza foram identificadas nos estratos que abarcam Arcos Metropolitanos e o interior das regiões Norte e Nordeste.
Os estratos com maiores valores foram: Vale do Rio Purus (AM), com 66,6%; Litoral e Baixada Maranhense, com 63,8%; e Entorno Metropolitano de Manaus (AM), com 62,3%, acima da média nacional (27,4%).
Já o nível de ocupação no Brasil, que era de 57,6% em 2023, “tendeu a ser menor no Nordeste, inclusive em muitas de suas capitais, quando comparado com partes do Norte e as outras regiões”, explica Leonardo. Os menores valores foram encontrados nos seguintes estratos: Agreste do Rio Grande do Norte, com 37,6%; Litoral e Baixada Maranhense, com 38,9%; Litoral Sul e Agreste de Alagoas, com 41,0%; e Leste Maranhense, também com 41,0%.
Em metade dos estratos de municípios, menos de 71,1% dos jovens entre 18 e 29 anos tinham no mínimo 12 anos de estudo
Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) consiste em elevar o nível de instrução de jovens com idade de 18 a 29 anos para, no mínimo, 12 anos de estudo até 2024, reduzindo as desigualdades regionais, por cor ou raça, entre moradores de áreas urbanas e rurais, e para as pessoas com menores rendimentos (situação de pobreza).
Dados de 2023, quando havia 73,1% dos jovens de 18 a 29 anos de idade com 12 anos de estudo ou mais, mostraram avanços em relação ao início da medição, pois eram 63,5% em 2016.
Regionalmente, 50,0% dos estratos de municípios apresentaram médias abaixo de 71,1% e estavam bastante espalhados no território, abrangendo as cinco regiões do país. Nas categorias com menores valores (abaixo de 63,5% de pessoas com pelo menos 12 anos de estudo), foram identificados estratos nas regiões Norte e Nordeste, dois estratos no Sul, algumas partes em Mato Grosso do Sul, no Colar Metropolitano de Florianópolis (SC), e no Centro e Sul Oriental do Paraná.
Habitantes do Norte e Nordeste eram os que menos tinham máquina de lavar e, no Norte, acesso à internet ficou abaixo da média nacional
Os estratos geográficos com os piores indicadores no acesso à máquina de lavar, ou seja, até 73,9% da população vivendo em domicílios com esse bem durável, estavam concentrados no Norte e Nordeste, estando presentes também em parte de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em todo o Brasil, as capitais tenderam a apresentar maior acesso à máquina de lavar em comparação com os estratos do Arco Metropolitano ou interior.
Os estratos com menores proporções se encontravam no interior das regiões Norte e Nordeste: Litoral e Baixada Maranhense (17,6%); Litoral Norte e Mata de Alagoas (22,0%); e Sertão de Alagoas (22,9%), frente a uma média nacional de 70,8%.
Por outro lado, Santa Catarina concentrou os estratos com maiores proporções: Litoral Norte e Planalto Norte Catarinense, e Entorno Metropolitano de Florianópolis (SC), ambos com 97,0%, e Florianópolis (SC), com 96,2%.
A parcela da população vivendo em domicílios com acesso à internet no Brasil era de 92,4% em 2023. A análise por unidades da federação indicou valores mínimos, de 86,2% para o Maranhão e 87,0% para o Amazonas. Por sua vez, a observação por estratos mostrou mínimos abaixo de 75% em estratos da Região Norte, como Vale do Rio Madeira/Nhamundá (AM), com 71,6%, Acre exceto Rio Branco, com 73,7%, e Vale do Rio Purus (AM), com 74,6%.
As menores proporções estavam no interior do Norte e Nordeste, ao mesmo tempo em que outros estratos, dentre as 50% menores proporções, também foram encontrados no interior da Região Sul (fronteira oeste), partes de Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Mais sobre a pesquisa
A Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2024, apresenta um conjunto de informações relacionadas à realidade social do país: estrutura econômica e mercado de trabalho; padrão de vida e distribuição de rendimentos (incluindo linhas de pobreza); condições de moradia; educação; e condições de saúde.
Nesta edição foram apresentadas novas análises, como a de indicadores de condições de vida segundo estratos geográficos, que os abordam de forma mais granular no território; as de condições de moradia segundo situação de pobreza monetária; entre outras.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/12/novos-dados-do-ibge-mostram-desigualdades-no-maranhao-acima-de-50/