Costumo dizer que a morte não passa de uma presepada da pior espécie. Por mais que se busque um atalho para seguir em frente, ela, em algum momento, aparece, sem ser convidada, pronta para a mais indesejada das despedidas. Lá se vão nossa existência, nossa história, nossos projetos e nosso futuro. O futuro até que não se vai facilmente, porque a existência de cada um é o resultado de um todo em volta. Da mãe, do pai, dos filhos e netos… Portanto, a traiçoeira cessação existencial não passa de um intervalo da escalada da vida que tem começo, mas não tem final definido.
O jornalista Djalma Rodrigues passou por essa encruzilhada no dia 22 de junho de 2024, aos 66 anos, marcados por uma caminhada bem sucedida como jornalista combativo e irredutível com o sentido real da profissão que abraçou e nela fez uma bela história. Transitou por praticamente todas as redações dos jornais, rádios e TVs de São Luís, de Imperatriz e de fora do Maranhão. Prestou serviço à Câmara de Vereadores, ao Poder Judiciário e o legislativo. Por onde passou, Djalma deixou a marca de seu talento, cultivou a simplicidade, sempre na crença no jornalismo como ferramenta de transformação social e síntese das liberdades democráticas.
Ao perder a mãe aos 7 anos, Djalma não fez da orfandade prematura um mundo de fracasso e desilusão, apesar das imensas dificuldades para uma criança sem o colo materno. Foi à luta, procurou ajuda no ambiente familiar, buscou o caminho da escola, da faculdade e se encontrou com o jornalismo. Conheceu e memorizou a vida política e dos políticos do Maranhão como poucos. Toda a sua vivência, ele transportou para textos sobre o cotidiano, em forma de cartas. Como uma espécie de “andarilho” sem sair do seu mundo, Djalma passu narrou para Bibi, a sua visão da atualidade. Ela é imortalizada nos escritos, como personagem que cabe em qualquer enredo sobre a realidade vivida, também, por outros figurantes.
Além de perspicaz memorialista, Djalma tinha o hábito de cultivar amizades, principalmente no âmbito da profissão jornalística. No começo deste ano, emprestou-me o livrão Cartografias Invisíveis – Saberes e Sentires de Caxias –, organizado por Isaac Gonçalves Sousa, Renato Meneses e Jotônio Viana. Uma obra de quatro três quilos de conteúdo enciclopédico em papel cuchê. Nela há, também, o resumo biográfico dos membros da Academia Caxiense de Letras. Quando o procurei para devolver o livro, Djalma foi direto ao ponto: “Esse livro é seu, lhe interesse muito, pois você está nele”.
Neste sábado(14), o jornalista e escritor Nonato Reis fará o lançamento, na Livraria Amei, Shopping São Luís, às 19h, do livro “O Órfão e o Jornalista”, que reúne os textos de Djalma Rodrigues para inesquecível Bibi. É ditado pelo autor que a presepada infinita não permitiu fazer de fazer sua noite de autógrafo. É prefaciado por Nonato Reis
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/09/o-orfao-e-o-jornalista-homenagem-a-djalma-rodrigues-sera-lancada-neste-sabado-14/