No dia 16 de agosto, às 9h, na Federação das Indústrias do Estado do Maranhão, será lançada a publicação “Arco Norte: Estudo de Opções para um Novo Ciclo de Desenvolvimento do Estado em Duas Décadas”. A publicação, que aborda a Margem Equatorial Brasileira como um dos seus temas centrais, é fruto de pesquisas e seminários promovidos pela FIEMA, especialmente no âmbito do Grupo de Trabalho ‘Pensar o Maranhão’.
A obra tem como autores o Prof. Dr. Allan Kardec Dualibe Barros Filho e o Prof. Dr. Ronaldo Gomes Carmona e contou com o apoio fundamental da FIEMA, do SESI e SENAI, em convênio com a Fundação Sousândrade. Além da Margem Equatorial, o Arco Norte engloba outras vantagens e potencialidades do Maranhão visando uma maior inserção do estado na economia global. A publicação foca em vetores logístico, agronegócio, energético e industrial.
Nesta entrevista exclusiva com o professor doutor Allan Kardec, ele fala sobre os impasses para a exploração da Margem Equatorial Brasileira e quão relevantes são as bacias petrolíferas localizados em águas profundas no território maranhense.
Pergunta: De maneira simples, o que significa a Margem Equatorial Brasileira?
Allan Kardec: Margem Equatorial é um dos itens da quitanda. Você pode comprar feijão, arroz, brócolis. Isso tudo são energias. Qual a energia que o brasileiro mais usa? O feijão. E o nosso feijão é o petróleo. A gente precisa do petróleo. O petróleo é a energia mais simples e fácil de extrair. É a que está no nosso quintal. E temos uma possibilidade muito grande, quase convicção, que tem essa energia nos nossos mares. Então, a Margem Equatorial é justamente essa possibilidade de a gente extrair petróleo. Porque hoje a gente já tem outra energia, que é o gás natural. Então a gente tem já o arroz, agora a gente precisa do feijão.
Pergunta: Em termos de tecnologia, nos falta alguma coisa para essa exploração em grandes profundidades?
Allan Kardec: Não nos falta nada. O debate sobre esse tema é geopolítico. São forças internacionais, são disputas internacionais, que as pessoas, os países (não são as empresas), querem nos impedir de explorar. E há pessoas no Brasil que apoiam essa agenda internacional. Nós, obviamente, combatemos, enfrentamos essa agenda, porque a gente quer o desenvolvimento do povo. Então não falta tecnologia. A Petrobras está completamente pronta para fazer essa extração do petróleo, se tiver, é bom enfatizar que se tiver. Hoje nem isso nos permitem, que é verificar se tem.
Pergunta: Outros países vizinhos, como Guiana e Suriname, já fazem esse tipo de exploração na Margem Equatorial…
Allan Kardec: É interessante porque o Maranhão fica do lado do Pará, mais acima tem o Amapá. Você subindo aqui para oeste do Brasil, e logo após tem as Guianas. E lá, por exemplo, a Guiana aumentou extraordinariamente as suas riquezas. Então ela cresceu 50% no ano, 60% no outro. Então é um país que disparou, é o país que mais avança em termos de riquezas no planeta. Como é pobre o Maranhão, então se a gente encontrar petróleo aqui, teremos grandes ganhos pela frente. É importante ressaltar também que isso é um trabalho de longo prazo. Ninguém faz investimento de bilhões de uma hora para outra. É um trabalho de longo prazo, para que o seu ápice possa acontecer daqui a oito ou 10 anos. Mas para isso acontecer, o trabalho tem que começar agora.
Pergunta: O que exatamente está faltando para que possamos avançar?
Allan Kardec: Na verdade, o que eu falo é que a gente já fez o raio-x. A gente suspeita que tem. Agora a gente necessariamente tem que ver se tem. Então não se trata nem de tecnologia, trata de permissão do Estado brasileiro. O Estado brasileiro tem que permitir. O Estado é meio bipolar. Uma parte autorizou e a outra parte não quer autorizar. Então esse Estado não se decide. E a gente está aqui justamente para tentar convencer esses entes do Estado que é importante para o desenvolvimento do Maranhão, para o povo sair da miséria, que a gente tenha essa exploração aqui.
Pergunta: Esse impasse pune estados pobres como o nosso, como o Pará?
Allan Kardec: Esse impasse pune de uma forma colonizadora, como foram os 500 anos de colonização no Brasil. É a mesma coisa. São os mesmos países, fazendo as mesmas coisas. Porque você não encontra na Guiana empresas brasileiras, asiáticas, africanas. Você encontra de outros continentes e países que provavelmente são os mesmos que exploraram o Brasil, que exploraram aqui a América Latina o tempo todo.
Pergunta: E aqui nós teríamos a chance de termos uma empresa brasileira, que tem tecnologia, que tem know-how, tem histórico…
Allan Kardec: É a maior empresa do planeta em exploração que a gente chama de águas profundas. O que é água profunda? Antigamente, há uns 20, 30 anos, se explorava em águas rasas, basicamente muito próximo do litoral. Hoje você explora em águas profundas, que é a 100, 200 quilômetros do litoral. E essas águas aí são, ao contrário das águas mais próximas, de 2.500, 4 mil, 5 mil metros de profundidade. Em todo o planeta, foi a Petrobras que desenvolveu essa tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas. Tanto que as empresas, quando querem explorar em águas profundas, convidam a Petrobras. Então a tecnologia nós já temos.
Pergunta: Quais seriam os riscos ambientais? Imagino que talvez essa seja uma das objeções para justificar a não exploração da Margem Equatorial Brasileira.
Allan Kardec: A justificativa não tem fundamento, porque ninguém faz preservação ambiental sem dinheiro. Então você quer preservar o meio ambiente, você tem que investir. E para investir, a maior investidora é a Petrobras. Os riscos que eles alegam não têm fundamento nenhum, pois foram todos respondidos pela Petrobras. A Petrobras hoje tem 3 mil poços perfurados e nenhum vazou. A questão ambiental é um dos itens dessa balança, dessa cesta de agenda estrangeira que alguns defendem aqui no Brasil.
Pergunta: Quais devem ser os próximos passos de instituições como a FIEMA em relação a esse assunto?
Allan Kardec: Eu acho que é o que vocês vêm fazendo e tem que avançar mais um pouco, porque esse debate tem que sair da elite. Por enquanto ele está um debate intelectual, um debate dos sindicatos, das indústrias. Ele tem que ir para um debate popular. Porque com apoio popular, o povo sabendo que o que querem tirar dele é o feijão que ele pode comer, o povo vai compreender e será um grande aliado nosso no enfrentamento desse pessoal que quer vender o Brasil para os estrangeiros.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/08/o-petroleo-e-a-energia-mais-simples-e-facil-de-extrair-e-esta-no-nosso-quintal/