
A economia maranhense tem no Comércio Exterior uma das suas mais importantes fontes de atividade econômica. Tal situação decorre, por um lado, do fato de o estado dispor de um porto detentor de características naturais que o credenciam como importante protagonista de atividades exportadoras, e, de outro, de ter instaladas em seu território atividades produtivas cujos principais mercados se encontram além-fronteiras. Corroboram tal assertiva os números das movimentações de cargas no Brasil no primeiro trimestre de 2025.
Assim é que pelo Porto da Ponta da Madeira, localizado na cidade de São Luís, foram transportadas 46,7 milhões de toneladas de cargas nesse período, o maior volume do país, à frente do Porto de Santos, em São Paulo, cuja movimentação totalizou 42,6 milhões de toneladas no mesmo lapso temporal. Vale ainda mencionar o Porto do Itaqui, também localizado na capital maranhense, de cargas gerais, pelo qual transitaram 10,1 milhões de toneladas de mercadorias, situando-se este terminal entre os 10 de maiores movimentações no primeiro quadrimestre do ano.
Computando-se os embarques realizados pelo terminal da Alumar, que também faz parte do complexo portuário de São Luís, o total de cargas movimentadas na região atingiu a expressiva soma de 61,6 milhões de toneladas, confirmando a importância da atividade comercial externa para a economia maranhense. Quanto aos itens da pauta exportadora maranhense, destacam-se o ferro, o alumínio, a alumina, a soja, a celulose, o algodão, o ouro, proteínas animais etc. Todas, mercadorias preferencialmente destinadas aos mercados externos.
Diante de tal quadro, seria naturalmente preocupante a súbita e injustificável elevação para 50% das tarifas sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos impostas pelo Presidente americano Donald Trump e que começaram a vigorar a partir de 06 de agosto. Afinal, com a nova tarifa, os produtos destinados ao mercado americano se tornam automaticamente mais caros e menos competitivos. Os efeitos daí decorrente logicamente se manifestariam em redução das vendas e das rendas dos exportadores, na diminuição do nível de suas atividades, chegando à mais nociva destas consequências, a demissão de empregados das empresas. Nesse contexto, o Maranhão também teria seus motivos para preocupações, dado o peso do Comércio Exterior em sua economia
As exportações maranhenses totalizaram US$ 2,1 bilhões, até maio de 2025, destacando-se as vendas dos complexos da Soja, com US$728,9 milhões, do Alumínio, com US$ 699,8 milhões, da Celulose, com US$ 326,5 milhões, do Ferro, com US$123,4 milhões e do Ouro, com US$ 80,6 milhões. Quanto a interação comercial do Maranhão com o resto do mundo, o destaque ficou com os Estados Unidos, com uma corrente comercial, isto é a soma dos valores das exportações e importações, de US$ 969,2 milhões, seguido da China, com a qual a corrente comercial estabelecida totalizou US$ 631,3 milhões, e do Canadá, com US$ 573,0 milhões.
No que diz respeito especificamente às exportações maranhenses para os Estados Unidos, estas totalizaram US$ 748,6 milhões em 2024 e, no período janeiro/abril de 2025, já alcançam US$ 335,3 milhões. Quanto a sua composição, a pauta de 2024 foi majoritariamente formada pelas vendas da celulose, que representaram 52,60% do total de embarques, da alumina, correspondentes a 20,78% do todo exportado, e do ferrogusa, responsável por 17,43 % das exportações. Em 2025, até o mês de abril, a celulose se mantém na liderança das exportações para o mercado americano, respondendo por 53,37% das vendas para aquele destino, mantendo-se a alumina e o ferrogusa nas mesmas posições do ano passado, gerando 22,82% e 19,58%, respectivamente, das exportações maranhenses para os Estados Unidos.
Ocorre, contudo, que uma lista de exceções de aplicação da nova tarifa sobre as exportações brasileiras, publicada junto com a medida, contemplou quase 700 produtos, dentre os quais constam ferrogusa, alumina, ouro, produtos obtidos do minério de ferro, celulose, suco de laranja, aviões e outros. Isto significa que os itens mais relevantes da pauta exportadora maranhense não foram alcançados pela nova política comercial americana, mantendo-se em vigor a realidade pré tarifaço. Apesar de tal circunstância não deve haver relaxamento das autoridades e empresas maranhenses quanto aos efeitos nocivos da nova ordem comercial decretada por Donald Trump. Uma boa estratégia, então, é aproveitar a “janela de oportunidades” que se abriu com as exceções e buscar uma diversificação de mercados, reduzindo-se a dependência dos americanos.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/08/o-tarifaco-de-trump-e-o-maranhao/