28 de setembro de 2025
Padilha decide não participar de reunião na ONU após restrição
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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou neste sábado (27) que as restrições impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, à sua participação em reuniões da Organização das Nações Unidas (ONU) podem atrasar, mas não impedirão o Brasil de consolidar parcerias internacionais na área da saúde.

“Eles até podem restringir a circulação de um ministro, mas não podem restringir a ideia. Não conseguem segurar a circulação da ideia e nem a força do Brasil na cooperação internacional com os outros países para trazer investimentos para cá”, enfatizou Padilha a jornalistas, durante visita a obras e inaugurações no Hospital Federal do Andaraí, na zona norte do Rio de Janeiro.

As restrições do governo Trump atingiram Padilha, sua esposa e sua filha de 10 anos, que tiveram os vistos para os EUA cancelados no mês passado (o visto do ministro já estava vencido desde 2024).
Para a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, Trump suspendeu temporariamente a proibição de entrada de Padilha no país, mas limitou sua circulação estritamente ao hotel, à sede da ONU e a instalações médicas de emergência. Por causa disso, a participação presencial do ministro na reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Washington, seguiu restrita.

Padilha, que optou por não viajar a Washington, lamentou os impedimentos: “Eu tinha reuniões marcadas em embaixadas de outros países e as restrições não permitiam que eu pudesse fazer isso. Isso pode atrasar, mas não vai impedir que a gente possa firmar essas parcerias. Elas vão acontecer aqui no Brasil ou em outros países”.

Ao ser questionado sobre os impactos do “tarifaço” de Trump, o ministro esclareceu que as tarifas atingiram a indústria exportadora brasileira do setor de saúde, especialmente nas áreas de saúde bucal, equipamentos e insumos.

Padilha afirmou que o governo federal, o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com apoio do BNDES, já estão implementando medidas para mitigar os prejuízos, ajudando o setor a manter empregos e buscar outros mercados além dos Estados Unidos.
Apesar dos desafios, Padilha destacou que as restrições incentivaram a produção nacional e a busca por novas parcerias, citando o exemplo da insulina e, principalmente, o acordo para produção da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), principal causa de bronquiolite grave em bebês.
Segundo o ministro, a vacina, fruto de transferência de tecnologia com empresas sediadas nos EUA, estará disponível no SUS a partir de novembro, garantindo “renda, empregos e tecnologia aqui no Brasil”.

Novidade no SUS: Implante Contraceptivo

Durante a visita, o ministro também fez o anúncio de que o SUS passará a ofertar o Implanon, um implante contraceptivo de longa duração. O medicamento, que em clínicas particulares custa entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, será disponibilizado gratuitamente.

A previsão é que sejam ofertadas 500 mil unidades até o fim do ano e 1,8 milhão até o final de 2026. A medida, segundo Padilha, é fundamental para que “as mulheres possam organizar a sua vida” e para reduzir a gravidez na adolescência, um quadro grave no país.

Agenda e Reestruturação Hospitalar

A agenda de Padilha no sábado incluiu visitas a hospitais no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. No Hospital Federal do Andaraí, a visita marcou a reabertura do Centro de Tratamento de Queimados, do serviço de ortopedia e do espaço da cozinha, que estava inativo há mais de dez anos.
A ação faz parte do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais, que visa ampliar o atendimento especializado e reduzir a fila por cirurgias. O Hospital do Andaraí, que está sob gestão municipal, recebe R$ 600 milhões em investimentos federais, com previsão de finalizar as principais obras no primeiro trimestre de 2026.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/padilha-garante-que-parcerias-internacionais-de-saude-do-brasil-seguirao-apesar-dos-impedimentos/