
No calor das articulações políticas que agitam o estado, este domingo, 6 de julho, será marcado por uma importante movimentação interna no Partido dos Trabalhadores (PT) do Maranhão. A legenda realiza o Processo de Eleição Direta (PED), que definirá seus novos dirigentes estaduais e municipais para os próximos quatro anos.
O pleito, que mobiliza cerca de 85 mil filiados no estado, é considerado um dos maiores eventos democráticos internos do país e deve influenciar diretamente o futuro do partido nas eleições de 2026. Só na capital maranhense, onde se concentra o maior número de filiados — cerca de 15 mil —, a disputa também promete fortes emoções.
A concorrência pela presidência estadual do PT reúne cinco nomes e dez chapas que representam diferentes correntes e interesses internos. Atual presidente, Francimar Melo busca a reeleição para manter a condução das estratégias políticas do partido.
Francimar conta com o suporte de importantes quadros do partido, incluindo o deputado federal Rubens Pereira Júnior, os secretários de estado, Washington Luiz e Luiz Henrique Lula da Silva e outras lideranças veteranas do PT. Já o ex-dirigente Raimundo Monteiro tenta retornar ao cargo com o apoio do deputado estadual Zé Inácio, figura influente entre os petistas maranhenses.
Outra candidatura que se apresenta como alternativa é a de Genilson Alves, apoiado por Zé Carlos, atual presidente do INCRA no Maranhão. Apesar de contar com estrutura mais modesta, Genilson aposta em um discurso de renovação. Também estão no páreo Professor Rogério e Eri Castro, que não contam com alianças robustas, mas são vistos por analistas como peças-chave em um eventual segundo turno, dada a fragmentação das chapas.oritário do PT no estado.oritário do PT no estado.
De um lado está Bruno Cacau, ex-secretário adjunto de Direitos Humanos, apoiado por Honorato Fernandes e pelo grupo ligado a Zé Inácio. Além da chapa da co-vereadora Raimundinha, do Coletivo Nós, que conta com o respaldo do secretário estadual Washington Luiz e do campo majoritário do PT no estado.
Resultado sai nesta segunda
A eleição em São Luís é vista como termômetro do equilíbrio de forças entre as correntes internas e pode influenciar diretamente a composição da futura direção estadual.
O resultado oficial do PED deve ser divulgado até as 14h da segunda-feira, dia 7 de julho, conforme previsto no calendário do partido. Até lá, a expectativa é de uma disputa acirrada, com movimentações de bastidores intensas e articulações decisivas para os próximos capítulos do PT no Maranhão.
Mais do que uma eleição, um ensaio para 2026
A importância do PED deste ano, no entanto, transcende os limites da organização partidária. O que está em jogo é a capacidade de articulação do PT para se posicionar com força nas eleições de 2026. No centro dessa expectativa está o nome do vice-governador Felipe Camarão, que, mesmo sem anunciar oficialmente sua pré-candidatura ao governo do estado, já percorre municípios, participa de eventos e dialoga com lideranças populares. Sua posição de neutralidade neste momento é estratégica: preserva a unidade do partido e o credencia como possível cabeça de chapa de um campo progressista ampliado, à espera de um aceno decisivo do governador Carlos Brandão (PSB).
No Maranhão, estado que deu ampla vitória a Lula em 2022 — e onde ele mantém um dos maiores índices de aprovação no país —, o PED ganha contornos ainda mais relevantes. Isso porque as chapas e candidaturas que disputam o comando da legenda estadual estão, direta ou indiretamente, conectadas às articulações de poder que influenciarão os palanques locais na próxima eleição presidencial. Ou seja, quem vencer internamente agora, terá nas mãos a máquina partidária para construir alianças, mobilizar a base e definir estratégias para 2026.
Durante o PED, as chapas apresentam suas teses, visões de partido e propostas políticas, buscando convencer os filiados de que representam o melhor caminho para o fortalecimento da legenda. Isso revela o caráter formador e deliberativo do processo: não é apenas uma disputa por cargos, mas uma oportunidade de debates ideológicos e de formulação de políticas internas, que, em última instância, impactam na atuação externa do partido.
A eleição interna também é um indicador importante para medir a força e coesão do PT num período em que o governo federal enfrenta pressões econômicas, políticas e institucionais. Reorganizar a base, ouvir as direções municipais e dar protagonismo à militância são estratégias indispensáveis para manter a vitalidade partidária e sustentar os projetos em nível nacional.
Assim, o PED não deve ser visto como um evento isolado ou meramente burocrático, mas como parte de um jogo político mais amplo, onde se definem não apenas comandos internos, mas também os rumos eleitorais de um partido que, mesmo após quatro décadas, segue no centro da disputa pelo projeto político do país. E no Maranhão, onde o lulismo mantém raízes fortes, essa eleição interna pode ser determinante para o alinhamento estadual à reeleição do presidente.
O PED também funciona como teste de musculatura das correntes internas, de sua capacidade de mobilização e influência sobre as estruturas decisórias. A depender dos resultados deste domingo, grupos sairão fortalecidos, alianças serão reconfiguradas e estratégias ajustadas para os próximos desafios eleitorais.
O que é o PED?
O Processo de Eleição Direta (PED) é o mecanismo pelo qual o Partido dos Trabalhadores renova suas direções em todas as instâncias — municipal, estadual e nacional. Realizado a cada quatro anos, o PED é considerado uma das experiências mais amplas de democracia partidária no Brasil.
Filiadas e filiados com inscrição regular até o dia 28 de fevereiro de 2025 podem votar e ser votados. As eleições ocorrem por meio de urnas eletrônicas, e as chapas disputam tanto a presidência quanto a composição dos diretórios e executivas. Mais do que uma escolha de nomes, o PED é uma oportunidade de debate interno e de fortalecimento da representatividade, com incentivo à participação de mulheres, negros, jovens, pessoas LGBTQIAPN+, idosos e militantes de diversas origens sociais.
Além da eleição marcada para 6 de julho, o calendário petista prevê os Encontros Estaduais entre 19 e 27 de julho, e o Encontro Nacional nos dias 1º, 2 e 3 de agosto, quando será consolidada a nova estrutura de direção da legenda.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/ped-2025-dia-d-para-o-pt-maranhao/