6 de setembro de 2025
Pesquisa aponta que racismo estrutural e necessidade de renda afastam
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O racismo estrutural e a pressão por garantir renda estão entre os principais fatores que dificultam a conclusão da educação básica por jovens e adultos no Brasil. Essa é a conclusão da pesquisa Educação de Jovens e Adultos: Acesso, Conclusão e Impactos sobre Empregabilidade e Renda, divulgada nesta semana pela Fundação Roberto Marinho em parceria com o Itaú Educação e Trabalho.

Segundo o gerente de Monitoramento, Avaliação, Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho, Diogo Jamra, o país tem cerca de 66 milhões de pessoas acima de 15 anos que não completaram a educação básica e estão fora da escola, em sua maioria, negros e de baixa renda. Ele ressalta que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) precisa considerar esse perfil para ser mais efetiva.

Jamra explica que muitos jovens abandonam os estudos para trabalhar e ajudar no sustento da família. Por isso, ele defende políticas públicas que conciliem educação e renda, citando o programa federal Pé-de-Meia como um exemplo de iniciativa alinhada a essa necessidade. Além disso, ele aponta que a exclusão histórica da população negra das políticas públicas, resultado de um racismo estrutural enraizado, agrava as desigualdades de acesso à educação.

A pesquisa, feita a partir de microdados da PNAD Contínua, mostra que concluir a EJA aumenta em 7 pontos percentuais as chances de conseguir um emprego formal e eleva em média 4,5% a renda de jovens entre 19 e 29 anos. Entre os mais novos, de 19 a 24 anos, o impacto é ainda maior: 9,6 pontos percentuais a mais de formalização no mercado de trabalho e aumento médio de 7,5% na renda.

O levantamento também identificou perfis de evasão escolar. Entre jovens de 15 a 20 anos, a saída da escola regular é mais frequente do que a migração para a EJA, sendo mais comum em rapazes, negros, moradores de áreas rurais, de baixa renda e que já trabalham. Para quem tem entre 21 e 29 anos e não concluiu a escola, a probabilidade de ingressar na EJA é maior entre mulheres e desempregados, mas cai entre chefes de família, trabalhadores e moradores rurais. Já entre matriculados com mais de 21 anos, fatores como jornada de trabalho extensa, idade avançada e responsabilidades familiares aumentam a chance de desistência.

Jamra destaca que a EJA deve estar no centro das políticas educacionais, recebendo mais investimentos e inovação pedagógica. Ele defende metodologias adaptadas à realidade do público, como a pedagogia de alternância, especialmente para atender populações do meio rural.

Para o especialista, a integração da EJA com a Educação Profissional e Tecnológica pode ampliar as oportunidades de qualificação e inserção produtiva, garantindo mais dignidade e melhores condições de vida. “Só com políticas consistentes e intersetoriais será possível assegurar acesso à EJA em todo o país, oferecendo a milhares de jovens perspectivas reais de futuro”, afirmou

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/pesquisa-aponta-que-racismo-estrutural-e-necessidade-de-renda-afastam-jovens-e-adultos-da-escola-no-brasil/