19 de novembro de 2025
População preta e parda é maioria no emprego formal no
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A população preta e parda consolidou em 2024 sua predominância no mercado de trabalho formal do Nordeste. É o que mostra o Boletim da População Negra, divulgado nesta quarta-feira (19) pela Sudene, em referência ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. O estudo aponta que 71,9% dos trabalhadores formais da Região são pretos ou pardos, percentual bem superior à média brasileira, de 47,7%. Produzido a partir de dados do IBGE, TSE e outras bases oficiais, o documento está disponível no site da Autarquia.

O relatório destaca que o Nordeste abriga a segunda maior população parda do País (59,6%) e a maior população negra (13%). Em 2024, a presença de pardos no emprego formal alcançou 64,8%, acima dos 40,5% nacionais. Já os trabalhadores pretos representam 7,1% da força de trabalho formal, índice próximo ao observado no Brasil (7,2%). O Piauí lidera a participação combinada de pardos e pretos (79,9%), seguido por Ceará (72,5%) e Maranhão (70,9%).

Apesar da forte representatividade, a disparidade salarial permanece. Em 2023, a renda real média de trabalhadores negros caiu 0,9 ponto percentual na Região, com as maiores quedas registradas em Alagoas e Bahia (1,8 p.p. cada). Para a doutora em estatística Gabriela Nascimento, da Coordenação de Avaliação e Estudos da Sudene, o boletim “expõe desigualdades estruturais que ainda afetam desproporcionalmente a população negra, desmistificando o mito da democracia racial”.

No campo educacional, a PNAD Contínua 2024 mostra que a conclusão do ensino superior segue desigual: enquanto 29% da população branca no País têm diploma universitário, o índice cai para 13,7% entre pretos e pardos. No Nordeste, 14,3% das pessoas de 25 anos ou mais concluíram a graduação, 22,3% entre brancos e 11,6% entre negros. A Região ainda tem 10,6% de pessoas sem instrução, proporção que sobe para 11,2% entre a população preta e parda. Mesmo assim, houve avanço expressivo: duas décadas atrás, só 2,4% dos pardos e 2,1% dos pretos tinham nível superior.

Outro destaque do boletim é o perfil racial dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). No Brasil, 76,7% dos alunos do EJA Fundamental e 71,9% do EJA Médio são pretos ou pardos. No Nordeste, essa presença é ainda maior, chegando a 82,2% e 85,1%, respectivamente, um indicador da busca desse grupo por retomar trajetórias educacionais interrompidas.

A análise também aborda a segurança pública. Enquanto o Brasil registrou queda de 10,1% nos homicídios de pessoas negras, o Nordeste teve aumento de 0,9%. O avanço foi puxado por Piauí (+34,6%), Ceará (+22,5%), Bahia (+20,0%) e Pernambuco (+11,1%). Para além disso, os homicídios de mulheres negras, que caíram 7,6% no País, cresceram 6,5% no Nordeste, que concentrado 47,3% desses casos em 2023. Segundo a pesquisadora Gabriela, esses números evidenciam maior vulnerabilidade à violência e à falta de saneamento básico, reforçando a urgência de políticas direcionadas.

O boletim também analisa as eleições municipais de 2024. O Nordeste, ao lado do Norte, foi a única região onde prefeitos negros eleitos (927, ou 51,7%) superaram os brancos (854, ou 47,6%). A Região também registrou um dos maiores índices de vereadoras mulheres (19,29%) e concentrou a maior parte dos representantes quilombolas (41,5%) e indígenas (34,3%). Para Gabriela Nascimento, o desafio agora é transformar essa alta candidatura em vitórias e maior ocupação de cargos de poder, especialmente por mulheres negras.

A publicação enfatiza ainda a relevância das populações quilombolas, incluídas pela primeira vez no Censo Demográfico de 2022, passo decisivo para orientar políticas mais precisas. “Valorizar o protagonismo quilombola é essencial para construir uma sociedade mais justa e plural”, conclui Gabriela.

*Fonte: GOVMA

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/populacao-preta-e-parda-e-maioria-no-emprego-formal-no-nordeste-aponta-sudene/