
O bairro Praia Grande teve sua transformação no início do Século XVII. Quando tomou forma com o surgimento de seu casario composto por imponentes sobradões com fachadas revestidas de azulejos oriundos de Portugal, assim como as suas pedras de cantaria, que até nos tempos atuais resistem à ação das intempéries e à cobiça do mercado imobiliário, sempre desejoso de mudar tudo para dar lugar a empreendimentos modernos e mais lucrativos.
O acervo arquitetônico da Praia Grande é mantido incólume, graças “às ações dos órgãos de preservação que, sempre vigilantes, não permitem mudanças ou qualquer alteração que descaracterizem a paisagem da região.
A Praia Grande, considerada o “coração” do Centro Histórico de São Luís, nos seus primórdios era um pântano, com predominância de manguezais e lama, sendo uma área muita alagada, visto ser a área mais baixa da cidade que recebia as águas pluviais de grande parte da região central da capital.
Centro comercial do Séc XIX
Obras de engenharia foram realizadas ao longo do tempo e a região foi transformada na principal área do Centro Histórico de São Luís. Ainda no Século XIX, a Praia Grande já tinha formato urbano sendo o principal centro comercial de São Luís, com seus sobrados com fachadas de azulejos importados de Portugal, que abrigavam importantes casas comerciais, que vendiam produtos manufaturados nas regiões Sul e Sudeste e até mesmo de países europeus, notadamente tecidos finos, muito procurados por mulheres e homens da sociedade local, que se vestiam com confecções de grandes alfaiates e modistas femininas da cidade. A arquitetura ainda hoje encanta os nativos e visitantes. A Praia Grande, principalmente a Rua Portugal, pelo seu patrimônio arquitetônico, lembra Lisboa (Portugal), legado deixado pelos colonizadores lusos.
Arquitetura que chama atenção pela beleza
Todos são levados à Praia Grande
Todos os caminhos levam ao Bairro Praia Grande, com suas ruas e becos, escadarias históricas e travessas que guardam segredos e mistérios lendários, que resistem no imaginário da população. É na Praia Grande que se encontram a Rua do Trapiche, Beco da Alfândega, Travessa Fluvial, Rua da Estrela, Beco da Prensa, Beco Catarina Mina com sua lendária escadaria que dá acesso entre as ruas de ruas de Nazaré e Portugal, onde se se encontra a maior concentração dos sobradões de fachadas azulejadas; Praça do Comércio, Rua do Giz, Rampa do Comércio, agora denominada Rampa Campos Melo, Praça dos Catraieiros, Praça Nauro Machado, Rua João Vital de Mattos.

Na Praia Grande foi construído imponente prédio que por muitos anos abrigou a Alfândega (Receita Federal) hoje é a Câmara de Vereadores. Em frente à feira, também na Rua da Estrela, um grande sobrado, abrigou a sede da Defensoria Pública do Estado. No prédio da Casa do Maranhão, funcionou o Tesouro do Estado, onde as embarcações atracavam e despachavam suas mercadorias junto à Fazenda Estadual., para os procedimentos de tributação.
Com o decorrer do tempo, a Praia Grande sofreu transformações significativas a partir das obras de sua recuperação urbana promovida pelo Poder público, através do Projeto Reviver e do aterro que ampliou o seu território dando origem à Avenida Vitorino Freire, parte integrante do Anel Viário, construído pelo prefeito Haroldo Tavares.
Grandes Transformações
Com a chegada do progresso ocorreu também o crescimento da cidade e a construção de rodovias ligando a capital aos municípios do interior do estado e aos grandes centros do País. O comércio de produtos manufaturados que sustentava significativamente a Praia Grande, a partir dos anos 60, foi decaindo.
As tradicionais casas comerciais como a Casa Âncora, Casa das Ferragens, Lima Sobrinho (especializada em tecidos finos), A.O. Gaspar e outras, encerraram suas atividades, dando lugar a lojas de artigos do artesanato regional e centros culturais como o Museu de Artes Visuais que traz exposições contemporâneas, enquanto a Casa de Nhozinho preserva a memória com artefatos e peças maranhense, Museu do Reggae, Museu da Gastronomia, dentre outros.
Gastronomia, artesanato, e produtos regionais
A gastronomia maranhense está mais valorizada com seus pratos típicos oferecidos em casas especializadas como o Cafofo da Tia Dica, Restaurante Cuxá da Ilha, Restaurante Flor de Vinagreira, Don Fernando, Restaurante do Senac, e nos bares e botecos como Bar Latino, Bar do Porto, Mona Lisa Pizzaria, Buriteco, Bar da Faustina e outros.
Na Praia Grande se encontra a Casa das Tulhas, principal centro do comércio de produtos do nosso artesanato e produtos regionais, como camarão seco, peixe seco, especialmente a pescada amarela, uritinga, camurim (robalo), jabiraca e outros. Frutas cristalizadas, castanhas de caju, do Pará, tiquira (aguardente elaborada de mandioca), cachaça da terra, rapadura, batida (tipo de rapadura feita com coco, laranja ou outras frutas), doces de coco, buriti e de outras frutas da região.
Farinha d’água, farinha seca, feijão da terra do tipo manteiguinha, vinagre, quebra cadeira, sempre verde, etc. licores de jenipapo, maracujá e outros diversos sabores de frutas da região; temperos diversos como o tucupí, panelas de alumínio ou de ferro, produtos da medicina popular: ervas e sementes usadas na preparação de chás, porções conhecidas como “garrafadas” para curar várias doenças e até disfunção erétil e mau olhado.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/08/praia-grande-coracao-do-centro-historico/