Presidente do PT na busca pela pacificação

O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Francimar Melo, concedeu entrevista ao colunista político Felipe Klamt, no Programa Palpite, da rádio do jornal O Imparcial. Reeleito em um processo interno marcado por disputas e divergências, o dirigente avaliou a reorganização do PT no Maranhão, a participação do estado nas discussões nacionais e os caminhos para a eleição de 2026.

Natural de Dom Pedro, de origem evangélica e militância social iniciada em comunidades rurais e quilombolas, Francimar tem no PT seu primeiro e único partido. 

Foi presidente municipal em sua cidade natal entre 2005 e 2013, regionalizou sua atuação e, em 2022, chegou à presidência estadual. Reeleito este ano, segue no comando enquanto aguarda a judicialização do processo interno movido por adversários.

Divergências internas
Ao comentar o clima dentro do partido, Melo reconheceu que ainda existem tensões. Ele citou que outros estados, como Minas Gerais, tiveram conflitos semelhantes durante o Processo de Eleições Diretas (PED), mas já superaram as divergências. No Maranhão, o resultado foi contestado e aguarda decisão da Justiça.

O dirigente também destacou os desafios da Federação Partidária, que une PT, PCdoB e PV, e que, segundo ele, gera disputas especialmente no campo regional. Como exemplo, lembrou que em 2022 o PT não conseguiu ampliar sua bancada estadual, embora tenha assegurado a reeleição do deputado federal Rubens Pereira Júnior, a eleição do vice-governador Felipe Camarão e a ascensão de novas lideranças, como os co-vereadores do Coletivo Nós e o vereador de Imperatriz Carlos Hermes.

Francimar ressaltou a importância do Maranhão no cenário nacional, lembrando que o estado deu mais de 1,7 milhão de votos de vantagem a Lula em 2022 — cerca de 2% do total que garantiu sua vitória sobre Jair Bolsonaro. Para ele, esse peso eleitoral fará com que o presidente tenha atenção redobrada ao estado em 2026.

Além da contribuição eleitoral, o dirigente destacou o fortalecimento da representação maranhense dentro do próprio PT. Como exemplo, citou a eleição do deputado federal Rubens Pereira Júnior para a vice-presidência nacional do partido, cargo estratégico que coloca o Maranhão no centro das discussões internas e das articulações para as próximas eleições.m “O Maranhão foi fundamental para a vitória do presidente Lula e agora ocupa espaços importantes também na direção nacional do partido. Isso nos dá força para cobrar maior participação e diálogo nas decisões que influenciam todo o país”, afirmou.

Eleições de 2026
Ao analisar o cenário estadual, Francimar citou como pré-candidatos ao governo os nomes de Felipe Camarão (PT), Orleans Brandão (MDB) e Eduardo Braide (PSD), mas frisou que não os vê como adversários em campos opostos. “Nosso objetivo é construir convergência. O diálogo nacional tem sido para reunir o maior número possível de partidos. O jogo no Maranhão ainda está aberto, mas há um sentimento de unidade. A prioridade é reeleger o presidente Lula, além disso precisamos ampliar as bancadas com nomes alinhados na Câmara Federal para evitar qualquer tipo de avanço da extrema direita e pensamentos antidemocráticos”, explicou.

Segundo Melo, o presidente Lula terá papel fundamental nessa construção, ajudando a viabilizar alianças e reduzir arestas dentro do grupo governista. Ele também destacou que o PT pretende participar das discussões para todas as vagas em disputa, incluindo o Senado, onde citou nomes como Rubens Júnior e do secretário estadual de Representação Institucional em Brasília, Washington Luiz, como opções competitivas.

Valorização da militância
Ao final da entrevista, Francimar agradeceu o apoio da base petista e reafirmou o papel da militância como maior patrimônio do partido.

“O legado dos nossos 45 anos é a militância. Temos o povo ao nosso lado e é por eles que trabalhamos. As divergências existem, mas fazem parte da democracia”, concluiu.