O presidente do Partido Novo no Maranhão, Leonardo Arruda, foi o convidado desta semana do Programa Palpite, conduzido pelo colunista político Felipe Klamt na Rádio O Imparcial. Aos 30 anos, Arruda carrega o título de dirigente partidário mais longevo da sigla no país, tendo assumido o comando estadual aos 24 anos e garantido, recentemente, a sua permanência até 2027.
Na conversa, que mesclou bastidores da política local e diretrizes nacionais, Arruda destrinchou a estratégia do partido para as eleições de 2026, confirmando a pré-candidatura de Laésio Bonfim ao governo do estado e posicionando a legenda como uma oposição “programática e de direita” à atual gestão de Carlos Brandão.
O “fenômeno” Laésio e a visita de Zema
O ponto alto da entrevista foi a confirmação da estratégia majoritária do Novo para 2026. Arruda anunciou que o partido oficializará a pré-candidatura de Laésio Bonfim neste sábado (22), em um evento no Hotel Luzeiros que contará com a presença de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, e de Eduardo Ribeiro, presidente nacional da legenda.
Para Arruda, Laésio representa uma terceira via genuína, diferenciando-se dos nomes tradicionais. Ele descreve o pré-candidato como alguém “extremamente convicto” e que já está em “pré-campanha imersa”, percorrendo o interior do estado enquanto outros candidatos dependem da estrutura da máquina pública.
Oposicão a Brandão e a polêmica “Taxa do Agro”
O dirigente não poupou críticas ao governo de Carlos Brandão, sucessor de Flávio Dino. Arruda classificou o Maranhão como um estado “massacrado por falta de infraestrutura” e com a maior alíquota de ICMS do país.
O alvo principal das críticas foi a taxação do agronegócio. Arruda defendeu que o desenvolvimento do estado virá através da produtividade e não da criação de novos impostos. “O custo Brasil já é muito elevado… muitas das estradas que hoje são trafegáveis no sul do Maranhão são patroladas muitas vezes pelo agro”, disparou Arruda, argumentando que o setor produtivo já contribui ao assumir responsabilidades que deveriam ser do Estado.
Análise dos adversários: Camarão e Braide
Com a liberdade de quem não busca alianças com a atual gestão, Arruda analisou friamente os potenciais rivais para 2026. Para o presidente do Novo, o vice-governador Felipe Camarão terá dificuldades em se sustentar sem a máquina. “A tendência natural do Felipe é derreter, porque ele não sabe fazer política fora de estrutura de governo”, avaliou.
Sobre o prefeito de São Luís, Arruda foi taxativo quanto ao isolamento político. “Quem fala que está falando por ele, está mentindo. Ele mesmo não conversa com ninguém”, afirmou, descartando qualquer diálogo atual entre o Novo e o gestor da capital.
Idealismo x Pragmatismo
Questionado por Klamt sobre as mudanças no partido, que nasceu rejeitando o Fundo Partidário e hoje o utiliza, Arruda defendeu o uso dos recursos como ferramenta necessária para competir em pé de igualdade num sistema viciado, mas reiterou que o partido mantém seus valores, citando a expulsão do fundador João Amoedo como prova de que “o Novo é um partido sem dono” e fiel ao seu estatuto, após Amoedo declarar voto em Lula em 2022.
Provocado por Klamt sobre questão de composição partidária nacional e possível apoio do NOVO à Lula no Maranhão em 26, Arruda foi empático ao negar a possibilidade, utilizou ainda o deputado maranhense, e atual ministro dos esportes, André Fufuca (PP), como o exemplo clássico do que o Novo repudia na política nacional: o “vale-tudo” pelo poder.
O presidente do Novo criticou duramente a postura do Progressistas (PP), classificando-o não como uma agremiação ideológica, mas como uma “legenda cartorária”. “O objetivo fim do PP é tão somente o poder, independente da forma que você vai alcançá-lo”, disparou Arruda.
Ele apontou a contradição de siglas que juravam fidelidade a Jair Bolsonaro e, após a troca de comando, passaram a compor a base de Lula. “É só você ver o atual ministro [Fufuca]… reafirmou o nome de Bolsonaro até os últimos minutos do segundo tempo e, quando Lula ganhou, se tornou ministro”, relembrou.
Para Arruda, esse comportamento evidencia a diferença entre partidos “de aluguel”, que dançam conforme a música, e o Novo, que prefere manter a independência a negociar seus princípios por cargos.
“Faria Lima” ou setor produtivo?
Em um momento de descontração, mas com forte teor político, Klamt trouxe à mesa o estigma de que o Novo seria o partido da “Faria Lima”, em referência à avenida paulistana que concentra a elite financeira e os banqueiros do país. O colunista questionou como a legenda lida com essa imagem de ser um clube da alta finança desconectado do povo. Leonardo Arruda não se esquivou e ressignificou o rótulo. “Se quiserem associar a gente à Faria Lima, que é o setor produtivo do Brasil, ótimo”, rebateu o presidente.
A resposta veio acompanhada de uma alfinetada direta aos adversários políticos envolvidos em escândalos.
“O meu receio é ser associado a facção criminosa, o meu receio é ser associado a corruptos. A Faria Lima não tem problema nenhum”, concluiu.
A “salada” da direita
Provocado a definir o espectro ideológico de seu partido e a convivência com alas mais radicais, Arruda fez uma distinção didática sobre o campo da direita no Brasil atual. Ele admitiu que esse espectro é amplo: “Dentro dessa direita, nós temos um pensamento conservador, nós temos um pensamento liberal e nós temos um pensamento, às vezes, até reacionário”, reconheceu.
Contudo, o presidente buscou afastar o Novo da pecha de “extremista” ou da caricatura do “bolsonarista radical” citada pelo entrevistador. Segundo ele, a sigla se posiciona como uma legenda de matriz liberal capaz de dialogar, rejeitando o que chamou de “radicalismo que impede o diálogo”. Para 2026, ele reforçou que, enquanto a direita pode ter várias vertentes teóricas, na prática eleitoral do Maranhão, Laésio Bonfim é o único nome de oposição consolidado até o momento.
Costumes vs prioridades reais
Apesar de se declarar conservador nos costumes e liberal na economia, Arruda tentou afastar o partido da “guerra cultural” excessiva. Para ele, discutir aborto ou drogas não deve ser a prioridade enquanto o Brasil tem problemas primários de saneamento e fome. “A gente está discutindo o sexo dos anjos enquanto o Brasil está tendo problemas primários”, pontuou, defendendo que a pauta prioritária deve ser tirar as pessoas da vulnerabilidade social.
A entrevista completa pode ser assistida no canal do YouTube da TV O Imparcial.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/programa-palpite-entrevista-o-presidente-do-partido-novo-leonardo-arruda/
