17 de novembro de 2025
Projeto de teatro encerra segunda fase de atividades no próximo
Compartilhe:

Em comunidades historicamente invisibilizadas, onde o acesso à arte e à educação ainda é limitado, o teatro tem se revelado uma potente ferramenta de transformação social e fortalecimento identitário. É nesse contexto que o projeto “PRÁXIS – Teatro do Oprimido de Ponto em Ponto”, realizado pelo Ponto de Cultura Núcleo de Teatro do Oprimido do Baixo Itapecuru (NTOprimido), em parceria com o Instituto Cresça, encerra a sua segunda fase de atividades culturais no próximo 29 de novembro, no município de Santa Rita, Maranhão.

A iniciativa percorreu os quilombos e povoados de Anajatuba (São Pedro), Bacabeira (Rancho Papôco), Itapecuru Mirim (Santa Rosa dos Pretos), Santa Rita (Olhos D’Água/Marengo) e Rosário (Itaipu). Nessas localidades, o projeto uniu arte, cultura e reflexão social, promovendo a troca de experiências e o despertar de novos olhares sobre as realidades locais.

(Foto: Divulgação)

Durante as oficinas formativas, jovens e adolescentes vivenciaram o processo criativo do Teatro do Oprimido, explorando temas como a valorização da identidade quilombola e a representação de suas próprias vivências. “Além de descobrir novos talentos que não sabíamos que tinha, podemos perceber com outro olhar a nossa realidade. Espero que possamos agora nos desenvolver ainda mais por meio destas atividades”, afirmou Fabrício Pereira, morador do Quilombo São Pedro, em Anajatuba.

A programação contou com a presença do coordenador do Ministério da Cultura no Maranhão, Paulo Sabá, que destacou o impacto da arte como instrumento de transformação e fortalecimento das raízes culturais.

“Eu gostaria de manifestar a minha imensa alegria de poder ver crianças e adolescentes reunidos, aprendendo essa dinâmica do teatro do oprimido para expressar seus sentimentos. E levar para arte suas realidades no que se refere à comunidade quilombola de São Pedro. Quero parabenizar toda a equipe de Instituto Cresça, e dizer que o Ministério da Cultura, por meio da Lei Paulo Gustavo e a política nacional da Lei Aldir Blanc está procurando envolver pessoas e entidades para inserir e trazer por meio da arte a transformação social do nosso Brasil e do nosso Maranhão, especialmente nas comunidades quilombolas”, ressaltou.

Com 60 horas/aulas de formação certificada, a proposta combina teoria e prática, abordando temas como mobilização social, comunicação comunitária e cidadania, inspirados em pensadores como José Bernardo Toro. Os participantes vivenciaram todas as etapas de criação de um Teatro Fórum, técnica concebida por Augusto Boal, que convida o público a intervir nas cenas apresentadas, propondo soluções e experimentando no palco novas formas de enfrentamento às opressões cotidianas.

Para a coordenadora do projeto, Raimunda do Nascimento Ribeiro dos Santos, o PRÁXIS é mais que um curso de teatro — é um espaço de reconstrução coletiva. “O projeto possibilita que cada comunidade se veja no espelho da arte, reconheça seu valor e fortaleça seus vínculos. Quando o teatro entra nesses territórios, ele desperta um sentimento de pertencimento e mostra que a cultura também é um direito.”

As oficinas são conduzidas por multiplicadores experientes na metodologia, como o curinga Valdenor Carvalho, referência maranhense no Teatro do Oprimido. Ele participou de formações nacionais e liderou projetos premiados em escolas públicas e comunidades quilombolas. “O impacto do Teatro do Oprimido vai muito além do palco. Ele mexe com a autoestima, provoca reflexão e inspira mudanças reais nas pessoas e nos espaços onde atua”, afirma Carvalho.

O projeto também conta com a participação do artista indígena e arte-educador Lucca Anapuru, radicado em Itapecuru Mirim, que contribui com uma visão intercultural das lutas quilombolas e indígenas. Essa diversidade de vozes reforça o caráter plural da iniciativa, que valoriza o diálogo entre diferentes saberes e trajetórias.

Nas comunidades envolvidas, o teatro tem se tornado um ponto de encontro e afirmação identitária. As apresentações abertas, que encerram cada oficina, funcionam como verdadeiros rituais coletivos, reunindo moradores para refletir sobre temas como preconceito, desigualdade, violência e resistência.

De acordo com o coordenador do Instituto Cresça, Raimundo Muniz, o encerramento das atividades será marcado pela “2ª Mostra Práxis de Teatro do Oprimido”, em Santa Rita. “Será um momento de celebração, onde veremos o resultado do aprendizado e da força criativa das comunidades. A mostra é a prova de que o teatro pode transformar realidades e fortalecer laços sociais”, destacou.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/projeto-de-teatro-encerra-segunda-fase-de-atividades-no-proximo-dia-29-de-novembro-em-santa-rita/