
O jogo da sucessão do governador Carlos Brandão saiu do aquecimento e passou à fase preparatória. Nesta terça-feira, 29, o próprio Brandão falou ao portal Metrópoles, de Brasília, o que todo mundo já sabe: a relação dele com o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, está em franco processo de corrosão.
No mesmo dia, o presidente regional do PT, Francimar Melo, que acaba de ser reeleito, também falou à imprensa. Ele entende que caberá ao presidente Luís Inácio Lula da Lula definir os rumos do PT nas eleições estaduais de 2026. Mas antes de Lula entrar em cena no Maranhão, o presidente nacional da legenda, Edinho Silva deve se reunir nos próximos dias com Carlos Brandão.
A pauta dessa reunião não poderá ser outra. O PT, sob o comando de Edinho Silva, um político bem próximo do presidente Lula, quer abrir caminhos e alinhavar acordos nos estados com vistas às eleições de 2026. Nesse cenário, Brandão já nem guarda mais segredo sobre sua preferência: trabalha fortemente pela pré-candidatura do sobrinho e secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB).
De acordo com o governador, alguns secretários e hoje deputados ligados a Flávio Dino “não se conformam que o governo do hoje ministro do STF acabou”. E já faz tempo. Até o fato de não haver sido convidado para o casamento de Flávio Dino foi lembrado por Brandão ao Metrópoles. O evento social, de ampla repercussão nas mídias, correu em abril de 2024, em São Luís, no qual ele oficializou a união com Daniela Lima, mãe de três de seus quatro filhos.
Na ocasião, a ausência de Brandão foi um dos aspectos mais comentados – o que já revelava o afastamento dos dois líderes que, fizeram a histórica mudança na política do Maranhão em séculos. Desmontaram o mais duradouro sistema de poder do Maranhão – o sarneísmo liderado pelo ex-presidente José Sarney desde 1965.
Ainda, também, na mesma terça-feira, 29/07, o vice-governador Felipe Camarão afirmou que não vai renunciar ao cargo em abril de 2026 para disputar o mandato de deputado federal. Essa seria a única condição em que Carlos Brandão também deixaria a chefia do governo para concorrer ao Senado e a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale o substituiria no restante do mandato. “Se o governador renunciar para disputar algum outro cargo, já estou pronto para assumir e disputar a reeleição. E se ele não sair, sigo a pré-candidatura a governador do Maranhão pelo PT”, afirmou Camarão.
Tudo isso dito ao mesmo tempo, significa que praticamente não há mais impasse a ser resolvido. O presidente do PT também foi taxativo: “O PT reconhece o Felipe como uma liderança do partido, mas o nosso desafio é buscar uma unidade política desse grupo que está junto desde 2014”, pontuou. Embora reconhecendo que há pela frente um enorme desafio, Francimiar Melo garante que o PT vai trabalhar na linha de reunir os cacos da frente dinista de 2014, na qual há uma mistura de deputados do PCdoB e do PSB atuando politicamente tanto no governo Brandão como lhe fazendo dura oposição.
A intenção do PT regional é levar para o âmbito nacional o debate sobre o caso maranhense e em outros estados que possam haver encrenca na mesma proporção.
“Uma das coisas fundamentais é ouvir primeiro o presidente Lula, o que ele pensa para esse estado (Maranhão), que foi fundamental desde as suas primeiras eleições com enorme contribuição. Então nós não podemos fazer nenhuma discussão sem ouvir a nossa grande liderança que é o presidente. Nós não descartamos nenhuma possibilidade, mas não queremos antecipar esse debate porque quem vai de fato dar a linha é Lula”, concluiu Francimar.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/pt-quer-camarao-e-brandao-prefere-o-orleans/