9 de novembro de 2025
Quilombos mantêm viva a história
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Surgidos como territórios de refúgio e autonomia para africanos escravizados, os quilombos se tornaram símbolo de resistência em diferentes regiões brasileiras. No Maranhão, essa história segue viva. Segundo o IBGE, o estado tem a 2ª maior população quilombola do Brasil: mais de 260 mil pessoas que se autodeclaram quilombolas vivem em 32 municípios maranhenses. O número revela a força dessa presença. 

Para o Professor da Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão, Rosenverck Santos, o Dia da Consciência Negra não é apenas uma data comemorativa. “O 20 de novembro resgata a memória de Zumbi, Dandara e da luta negra por liberdade. É uma categoria de reflexão e de ação, não só uma celebração formal”, afirma.

O pesquisador lembra que a história tentou desqualificar os quilombos, tratando-os como espaços de “marginais perigosos”, quando na verdade foram territórios de autonomia e resistência.

Quilombo Pericumã

Entre tantas comunidades quilombolas, no interior de Bequimão, município localizado a cerca de 78 km de São Luís, está o Quilombo Pericumã, às margens do Rio Pericumã. Maria Joana, criou os 6 filhos na comunidade, conseguiu se formar e atua como professora, ela contou que a história do quilombo começa na antiga Fazenda Santa Estela, onde negros escravizados trabalhavam na produção de cana-de-açúcar, garapa e cachaça.

“Quando eram castigados, fugiam para a mata, para um lugar chamado Rio do Chora. Eles sentavam na beira do rio e choravam. Era por causa do sofrimento. Por isso o nome ficou até hoje”, conta. Com a abolição, os escravizados não receberam terra. Eles se instalaram nas áreas que os fazendeiros não queriam. “Eles ocupavam as enseadas, porque era a única parte onde podiam ficar. A parte boa da terra os donos não largavam”, relata.

Além da antiga Santa Estela, existia a Fazenda Cebolar, chamada assim porque o lago da região era coberto por uma planta conhecida como cebola do campo, nome que resiste – Lago Cebolar. A área pertencia ao português Antônio Januário de Sá, o “Seu Totó”. Segundo a professora, os quilombolas trabalhavam ali e pagavam o que podiam pela roça, sem cobrança rígida.

Antônio Januário, conhecido pelos moradores como “Senhor Branco”, deixou as terras para seus filhos: Genésio Sá, Januário Sá e Antônio Sá. Genésio se apropriou da terra e depois deixou para seus filhos identificados somente por: Zózimo, Piano, Moça e Teté, que repassaram aos descendentes. É nesse cenário que o Pericumã se formou. Hoje, o Rio do Chora ainda está cercado por propriedades privadas. “O rio está lá. Só que fica dentro da fazenda, cercado. Mesmo assim, ninguém apaga a história”, conclui.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/quilombos-mantem-viva-a-historia/