17 de outubro de 2025
Renda de trabalhadores por aplicativo supera média nacional, mas exige
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Os trabalhadores que atuaram por meio de aplicativos em 2024 tiveram rendimento médio mensal de R$ 2.996, valor 4,2% superior ao dos que não dependiam de plataformas digitais (R$ 2.875). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar do ganho médio mais alto, a diferença de renda entre os dois grupos vem diminuindo, em 2022, era de 9,4%. Além disso, os plataformizados trabalhavam mais: 44,8 horas semanais, contra 39,3 horas dos demais.

Essa jornada maior faz com que o rendimento por hora dos trabalhadores de aplicativo seja menor, R$ 15,4, cerca de 8,3% abaixo dos não plataformizados, que recebem R$ 16,8 por hora.

“Essas pessoas precisam trabalhar mais para alcançar uma renda ligeiramente superior”, explica o analista da pesquisa, Gustavo Fontes.

Quem são os trabalhadores por aplicativo

O IBGE considera “plataformizados” os trabalhadores que utilizam aplicativos de transporte (como Uber e 99), de entrega (iFood, Rappi), ou de serviços profissionais e gerais, como design, tradução e telemedicina. Em 2024, o país tinha 1,7 milhão de pessoas atuando nessas plataformas.

Escolaridade e rendimento

A pesquisa mostra que, entre profissionais com escolaridade abaixo do nível superior, os plataformizados ganham mais que a média nacional, chegando a 50% de vantagem entre quem tem ensino fundamental completo ou médio incompleto.

Por outro lado, entre os que possuem curso superior, ocorre o inverso: o rendimento médio é 29,8% menor. Enquanto trabalhadores com diploma fora das plataformas recebem R$ 6.072, os plataformizados ganham R$ 4.263.

“Muitos acabam buscando os aplicativos por falta de oportunidade na área de formação. É o caso de engenheiros e profissionais de outras áreas que dirigem por aplicativo para garantir uma renda”, comenta Fontes.

Informalidade e previdência

A pesquisa também revela uma alta taxa de informalidade entre os trabalhadores por app: 71,7% não têm carteira assinada nem CNPJ. Entre os não plataformizados, o índice cai para 43,8%.

Quando se trata de contribuição previdenciária, o contraste é ainda maior: apenas 35,9% dos plataformizados contribuem para a Previdência, contra 61,9% dos demais trabalhadores.

Motoristas e motociclistas

O estudo destaca motoristas e motociclistas como os principais grupos plataformizados.

Motoristas: Dos 1,9 milhão de motoristas no Brasil, 43,8% atuavam via aplicativo (824 mil). Eles receberam em média R$ 2.766, R$ 341 a mais que os não plataformizados. No entanto, trabalharam cerca de cinco horas a mais por semana. A informalidade atinge 83,6% dos motoristas de app, e apenas 25,7% contribuem para a previdência.

Motociclistas: O número de motociclistas por app cresceu de 21,9% (2022) para 33,5% (2024). Esses trabalhadores ganham R$ 2.119, 28,2% mais que os não plataformizados, e trabalham 45,2 horas semanais, contra 41,3 dos demais. A informalidade é de 84,3% entre os motociclistas de app.

Debate sobre vínculo empregatício

O reconhecimento de vínculo trabalhista entre plataformas digitais e seus colaboradores segue em debate. Representantes da categoria defendem o vínculo como forma de combater a precarização das condições de trabalho, enquanto as empresas rejeitam a ideia.

A questão está sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF) e deve voltar à pauta no início de novembro. Um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) recomenda que o STF não reconheça o vínculo empregatício.

*Fonte: Agência Brasil

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/renda-de-trabalhadores-por-aplicativo-supera-media-nacional-mas-exige-mais-horas-de-trabalho/