
O deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA), vice-presidente da CPMI do INSS, alertou que as fraudes envolvendo empréstimos consignados podem superar em até 16 vezes o rombo de R$ 6,3 bilhões já identificado nas aposentadorias e pensões. Em entrevista ao colunista político, Felipe Klamt, no Programa Palpite, da Rádio do Jornal Imparcial, ele explicou que o esquema dos descontos associativos expõe uma rede de vulnerabilidade ainda mais grave no sistema financeiro, atingindo principalmente idosos e pessoas de baixa renda.
Segundo Duarte, o problema começou em 2016, durante o governo Michel Temer, quando alterações promovidas pela reforma Trabalhista, como o fim da obrigatoriedade do desconto sindical, abriram brechas que permitiram a consolidação do sistema de descontos indevidos. O esquema atravessou todo o governo Bolsonaro e começou a ser investigado em profundidade agora, na gestão do presidente Lula. “É um problema estruturado, que se perpetuou por diferentes governos e precisa ser enfrentado com medidas concretas e imediatas para proteger aposentados e pensionistas”, afirmou.
Duarte defende mudanças legislativas para prevenir novos abusos, incluindo a proibição de descontos associativos e a exigência de assinatura presencial em contratos de empréstimo consignado, dificultando fraudes futuras. “Muitas vezes o aposentado recebe uma ligação, é induzido a fornecer dados e quando percebe já tem desconto em folha. Isso mostra que estamos diante de uma bomba-relógio”, alertou.
Além disso, o parlamentar destacou que a condução dos trabalhos da CPMI é essencial para o sucesso das investigações. Cada depoimento exige uma abordagem específica: alguns participantes têm formação técnica e podem ser questionados de forma direta, enquanto outros demandam mais sensibilidade para que informações importantes não se percam. “Como diz o ditado, não se pega galinha dizendo ‘Xô!’ É preciso paciência, estratégia e atenção para extrair o máximo de informações relevantes de cada depoente. Se formos agressivos ou descuidados, podemos perder dados cruciais sobre o esquema”, explicou.
Espetacularização dos bastidores da CPMI nas redes
Vice-presidente da comissão, Duarte Júnior relatou que há uma clara divisão de forças dentro da CPMI: de um lado, parlamentares que defendem o ex-presidente Jair Bolsonaro; de outro, os que buscam atacar o presidente Lula; e, por fim, um grupo independente, do qual ele faz parte, que procura responsabilizar todos os envolvidos.
Segundo o deputado, a tentativa de transformar os trabalhos em espetáculo para redes sociais atrapalha a investigação. Ele defende abordagens diferenciadas conforme o perfil dos depoentes, para garantir que informações relevantes não se percam no calor dos embates políticos.
Pressão de lobistas no Congresso Nacional
O parlamentar também comentou sobre sua atuação na relatoria da nova lei dos planos de saúde, em tramitação há 18 anos na Câmara. A proposta construída por Duarte proibia a rescisão unilateral de contratos e garantia atendimento a idosos, pessoas com deficiência e doentes crônicos.
Segundo ele, a resistência de empresários e parlamentares ligados ao setor foi intensa. O deputado acabou retirado da relatoria na semana passada, o que atribui à sua postura contrária à chamada PEC da Blindagem.
“O lobby das instituições financeiras e das grandes corporações é muito poderoso. Mas eu não fui eleito para ceder, fui eleito para honrar os votos de quem confiou em mim”, disse.
Saída do PSB
Atualmente vice-líder do PSB na Câmara, Duarte Júnior reconhece ter grande respeito pelo partido que o acolheu e onde construiu importantes amizades. No entanto, admite que a conjuntura nacional e as articulações políticas locais podem levá-lo a migrar para o União Brasil nos próximos meses.
O parlamentar destaca a confiança depositada pelo líder do União, Pedro Lucas Fernandes, que foi o responsável por garantir sua vaga na CPMI do INSS. “A própria vaga na CPMI foi um presente do Pedro Lucas, que conhecia minha atuação na defesa do consumidor e confiou que eu poderia dar uma contribuição relevante. Sou muito grato a ele por essa oportunidade”, afirmou.
Segundo Duarte, a avaliação sobre mudança de legenda não é apenas uma questão pessoal, mas envolve o fortalecimento de alianças políticas em Brasília e no Maranhão. “O PSB foi fundamental na minha trajetória até aqui, mas é preciso estar atento às movimentações que garantam condições para continuar defendendo o povo maranhense com independência”, ressaltou.
A possível troca, portanto, não se daria por rompimento, mas por estratégia: ampliar espaço em comissões, consolidar relações institucionais e preparar terreno para os próximos pleitos eleitorais.
Planos eleitorais: 2026 e 2028 no horizonte
Duarte Júnior foi categórico ao confirmar que é pré-candidato à reeleição como deputado federal em 2026. Para ele, a permanência em Brasília é fundamental para aprofundar pautas que considera centrais, como a defesa do consumidor, o combate às fraudes contra aposentados e a inclusão da pessoa com deficiência. “Espero ter a oportunidade de retornar para continuar representando o povo maranhense no Congresso Nacional”, disse.
Mas o olhar do parlamentar vai além da Câmara. Em 2028, ele pretende disputar novamente a prefeitura de São Luís, cargo que já tentou alcançar em 2020. Embora evite se colocar como oposição direta ao atual prefeito Eduardo Braide (PSD), Duarte aponta deficiências graves na gestão municipal, principalmente na área da saúde.
“Hoje, quem precisa fazer uma mamografia ainda espera até oito meses. É preciso cuidar do fundamental, fortalecer o Socorrão e garantir parcerias. Se o prefeito acredita que sozinho já consegue trabalhar, precisa entender que em união com os governos estadual e federal é possível transformar a vida de muito mais pessoas”, afirmou.
O deputado também reforçou que sua atuação tem garantido conquistas concretas ao estado, como o envio de dois Centros de Referência da Pessoa com Deficiência para Barreirinhas e Caxias, em parceria com o governo federal. Para ele, essa experiência comprova que o trabalho político, quando bem direcionado, gera resultados imediatos e pode ser aplicado em São Luís. “Não falta dinheiro, falta uma correta aplicação dos recursos. É isso que queremos mostrar: que é possível gerir melhor e cuidar daquilo que realmente importa para a população”, completou.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/rombo-do-inss-iniciou-no-governo-temer/