20 de outubro de 2025
Rua do Norte: Importante na história e na geografia urbana
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A Rua do Norte é uma das vias públicas mais importantes da cidade de São Luís. Importante pela sua história gravada no seu casario e nas suas praças, nos seus prédios que guardam a história antiga da cidade. É uma rua simples, sinuosa e de calçadas estreitas em alguns trechos. Liga o centro nevrálgico do comércio varejista do Centro da cidade ao seu bairro mais cultural, a Madre de Deus.

Logo na primeira quadra, depara-se com uma praça que desde os seus primórdios recebeu denominações diversas e até tristes, ligadas à sua história como local de execução dos condenados à pena capital, no passado.

Praça da Alegria

Tendo como limite a Rua do Norte, Rua de Santana e Rua de Santaninha, é mais um logradouro da cidade com várias denominações ao longo da sua história. Inicialmente Largo da Forca Velha, pois, em 1812, passou a ser o local das execuções de condenados à pena de morte por enforcamento.  Essa determinação foi do ouvidor geral de crimes, desembargador José Francisco Leal.

Vistos de longe, os corpos pareciam pular de contentamento ao serem soltos no espaço com a corda no pescoço, e assim, a população criou uma identificação jocosa e irônica para o local: Praça da Alegria.

Em torno de 1849, o uso popular acabou impondo esta denominação sobre a antiga. O Poder Público tentou pôr fim àquela ironia, batizando-a como Praça Saturnino Belo. Não vingou, voltando à anterior. O Governo municipal buscou uma nova solução, em 1868 nominando-a Praça Francisco Sotero dos Reis, homenageando um educador muito respeitado, que era morador daquele local. Além de grande filósofo, Sotero dos Reis foi o primeiro diretor do Liceu, responsável pela educação de muitos jovens. O novo nome fracassou e voltou a ser a Praça da Alegria.

A última tentativa aconteceu em 1º de agosto de 1889, com Praça 13 de Maio, lembrando a data da extinção da Escravatura no Brasil. Também fracassou. Hoje, a Praça da Alegria é centro de vendas de flores e belo recanto para ler um livro sentado em um de seus bancos.

Praça da Misericórdia

Três quadras depois, chega-se à Praça da Misericórdia, onde se encontra o prédio colossal da Santa Casa de Misericórdia, que já foi um dos principais hospitais da cidade, destinado ao atendimento da população de menor poder aquisitivo e do interior do estado.

 Aquela praça, primeiramente recebeu o nome de Afonso Saulnier de Pierrelevée, em homenagem ao primeiro cirurgião do Hospital Português, da Santa Casa de Misericórdia e do Estado do Maranhão, e um dos pioneiros da Região Nordeste do Brasil a implantar prótese na perna de uma sua escrava.

Foi batizada, ainda no século XIX, como Largo do Hospital da Misericórdia, mas um decreto da Câmara Municipal, em 1894, mudou o nome para Praça Conselheiro Silva Maia. Já em 1903, alterado para Praça da Caridade, mas ainda hoje o local é conhecido como Praça da Misericórdia.

Situa-se entre a Rua da Misericórdia, Rua de Santa Rita e Rua do Norte. Ganhou a denominação de Praça da Misericórdia em função do Hospital da Santa Casa de Misericórdia ficar de frente para uma de suas laterais. Possui boa arborização e um pequeno lago com um chafariz com a estátua de uma mulher que se supõe ser uma deusa mitológica. No final de 2020, foi submetida a uma ampla reforma recebendo novos bancos, jardins e a sua fonte recuperada.

 A Santa Casa de Misericórdia do Maranhão foi fundada por volta de 1623 e, ao longo dos séculos, desenvolveu um papel importante na assistência social e de saúde em São Luís, administrando não só um hospital de caridade, mas também um cemitério e a Casa dos Expostos, para abrigar e educar crianças abandonadas. A instituição enfrentou crises financeiras e foi impactada por epidemias no século XIX, mas sua trajetória está intrinsecamente ligada à evolução da cidade e às práticas de caridade da época.

A trajetória da Santa Casa de Misericórdia do Maranhão é um reflexo da história de São Luís, evidenciando sua importância no campo da saúde, da assistência social e do papel das irmandades no desenvolvimento da cidade ao longo dos séculos.

Cemitério do Gavião

Uma quadra depois da Santa Casa, chega-se à confluência com a Rua das Cajazeiras, onde estão o prédio da antiga Maternidade Benedito Leite, ora funcionando em novo endereço no complexo de conjuntos habitacionais da Cohab, no Anil. No prédio de origem funciona um órgão da Secretaria de Estado da Saúde.  E o Hospital Municipal dr. Djalma Marques (Socorrão I), casa de saúde administrada pela Prefeitura Municipal de São Luís.

A três quadras dali, chega-se à Madre de Deus, mais precisamente, à Praça da Saudade, que fica em frente ao Cemitério do Gavião. Aquele logradouro já foi palco de grandes eventos da cultura popular como desfiles de turmas de samba, blocos, corsos e outros. Ora é local de encontro dos moradores dos bairros do entorno, visto que é dotada de amplo complexo de lanchonetes e bares.

Praça da Saudade

Foi chamada Praça do Gavião durante certo período. Situa-se entre Rua do Norte, Rua do Passeio, Rua Euclides da Cunha e Rua Medeiros de Albuquerque. Trocou de nome após as reformas feitas pelo prefeito Antonio Bayma, passando a ser denominada como a Praça do Cemitério, por estar situada em frente ao Cemitério dos Gaviões, o principal da cidade.

Também já foi Praça do Campo Santo, devido ao mesmo motivo. Caracteriza-se por ser importante ponto de concentração e apresentação de grupos carnavalescos e juninos. Recentemente foi totalmente recuperada, ganhando jardins e quiosques de alvenaria para abrigar lanchonetes.

 Após a Praça da Saudade, a Rua do Norte segue sua trajetória, passando pelo Goiabal, núcleo residencial pertencente à Madre de Deus e chega ao seu  final na Avenida Vitorino Freire, importante via que faz parte do complexo Anel Viário juntamente com as avenidas Beira-Mar e José Sarney.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/10/rua-do-norte-importante-na-historia-e-na-geografia-urbana-de-sao-luis/