
São Luís (MA) – O anúncio de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode causar impactos diretos na economia do Maranhão. A medida, que entra em vigor a partir de 1º de agosto de 2025, atinge em cheio setores estratégicos da exportação nacional — muitos dos quais têm forte presença no estado, como minério de ferro, celulose, carne e grãos.
Especialistas locais alertam que a tarifa norte-americana, anunciada de forma unilateral e com motivações políticas, representa uma ameaça à balança comercial e pode desencadear efeitos em cadeia, desde a queda de arrecadação até o fechamento de postos de trabalho.
“Trata-se de um golpe duro. Empresas que operam no Maranhão, como a Suzano (celulose) e a Vale (mineração), mantêm negócios regulares com o mercado americano. Uma tarifa de 50% retira competitividade, podendo levar à retração de produção e até à suspensão de contratos”, avaliou o economista Fernando Duailibe Mendonça, da Associação Comercial do Maranhão, em entrevista à Rádio Assembleia.
Segundo Mendonça, o impacto não se restringe às grandes empresas exportadoras. “Há uma cadeia produtiva envolvida: transporte, serviços, comércio local. Se a exportação retrai, o efeito dominó afeta do trabalhador rural ao microempreendedor do entorno das grandes indústrias”, explicou.
O que está em jogo
Os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Embora a maior parte das exportações maranhenses esteja voltada ao mercado asiático, produtos como carne, celulose e derivados da soja seguem com forte demanda na América do Norte.
A adoção da tarifa coincide com um momento de recuperação econômica pós-pandemia e pode desacelerar o crescimento em regiões que dependem da atividade portuária e exportadora. O Porto do Itaqui, em São Luís, é um dos terminais mais estratégicos do Norte e Nordeste do país e pode sentir a redução de movimentação.
Reação empresarial
Diante do novo cenário, empresas instaladas no estado já iniciaram movimentações internas para redirecionar suas exportações para outros mercados, como Europa, América Latina e China. No entanto, a substituição de mercados exige tempo, logística e acordos bilaterais.
“Estamos em alerta. O empresariado começa a revisar estratégias e suspender investimentos temporariamente até que haja mais clareza sobre os desdobramentos dessa medida americana”, disse um executivo da área de exportação de grãos, sob condição de anonimato.
Caminhos e soluções
No Congresso Nacional, parlamentares articulam junto ao Itamaraty uma resposta diplomática que minimize os impactos. A Lei de Retaliação Comercial aprovada em 2024 permite ao Brasil impor medidas de reciprocidade, mas a expectativa é evitar uma escalada protecionista.
Enquanto isso, o Maranhão busca diversificar sua pauta exportadora e ampliar rotas comerciais. O governo estadual deve intensificar ações de promoção comercial, apoio à inovação industrial e estímulo à produção de valor agregado.
“Mais do que nunca, precisamos pensar em agregar valor ao que produzimos aqui. Não podemos depender exclusivamente da exportação de matéria-prima”, defendeu Mendonça.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/07/tarifaco-de-trump-pode-afetar-exportacoes-e-gerar-impacto-economico-no-maranhao/