
O aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos, anunciado pelo presidente Donald Trump e com vigência prevista para 1º de agosto, deve provocar um impacto econômico significativo no Maranhão. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o estado pode registrar perdas de até R$ 147 milhões, resultado direto do chamado “tarifaço”, que afeta as exportações brasileiras para o mercado norte-americano. Em 2024, 13,4% das exportações maranhenses tiveram como destino os Estados Unidos, evidenciando a forte dependência desse mercado para a economia local.
A elevação tarifária norte-americana atinge produtos da indústria de transformação, que são o principal componente da pauta exportadora brasileira para os EUA. Segundo a CNI, o impacto nas exportações poderá comprometer a competitividade das empresas maranhenses, gerar corte de pedidos e empregos, além de estimular alta nos preços do mercado interno. “O aumento das tarifas compromete a competitividade do Brasil no comércio global e penaliza setores produtivos estratégicos”, alerta Ricardo Alban, presidente da CNI. Para ele, os impactos são “muito preocupantes” e afetam especialmente estados com presença expressiva de produtos industrializados em suas exportações, como é o caso do Maranhão.
No cenário nacional, o prejuízo estimado com o tarifaço ultrapassa R$ 19 bilhões, com efeitos mais intensos em estados do Sudeste e do Sul, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. No entanto, os estados do Norte e Nordeste, embora menos dependentes do mercado norte-americano, também enfrentam perdas expressivas, sobretudo em setores que mantêm relações diretas com indústrias transformadoras.
Com 13,4% de sua pauta exportadora direcionada aos EUA, o Maranhão integra o grupo de 11 estados brasileiros onde o mercado norte-americano representa entre 10% e 20% das vendas externas. Essa fatia reforça a relevância dos Estados Unidos na economia estadual e a vulnerabilidade diante de políticas protecionistas externas. O alerta da CNI evidencia ainda que o comércio exterior regional está sujeito a mudanças geopolíticas que fogem do controle local. Para o Maranhão, o impacto de R$ 147 milhões significa mais que um prejuízo pontual — trata-se de uma ameaça à estabilidade de setores produtivos e à geração de empregos, especialmente num cenário nacional já marcado por incertezas econômicas e instabilidade comercial.
A entidade industrial pede que o governo brasileiro busque mecanismos diplomáticos e estratégicos para mitigar os efeitos das novas tarifas e assegurar a competitividade do setor exportador.
Brandão alerta para impactos na economia do estado
Com a previsão de entrada em vigor, a partir de 1º de agosto, do aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros anunciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governador do Maranhão, Carlos Brandão, fez uma avaliação contundente sobre os efeitos que a medida pode provocar na economia maranhense.
Segundo ele, além de representar um retrocesso nas relações comerciais entre os dois países, o chamado “tarifaço” pode comprometer cadeias produtivas, provocar demissões e enfraquecer a balança comercial brasileira, afetando diretamente estados exportadores como o Maranhão.
“A medida ameaça setores estratégicos da economia e pode impactar empregos no estado e no país”, afirmou Brandão em entrevista ao SBT News nesta terça-feira (29, ao demonstrar preocupação com os efeitos de longo alcance da decisão unilateral de Trump. Para o governador, trata-se de uma postura protecionista que, além de abalar a confiança dos mercados, fragiliza os esforços recentes de recuperação econômica pós-pandemia.
Impactos concretos
De forma objetiva, Brandão apontou que uma das empresas mais afetadas pela nova tarifa será a fábrica de celulose da Suzano, instalada no Maranhão e considerada uma das maiores exportadoras brasileiras do setor. Com 16% das suas vendas destinadas ao mercado americano, a planta pode sofrer redução na produção e, por consequência, no número de empregos diretos e indiretos. Além disso, a medida pode comprometer a logística de exportações via Porto do Itaqui, um dos principais terminais portuários do país, que funciona como elo de escoamento para produtos industrializados e agrícolas do Norte e Nordeste. A avaliação é que o impacto não será apenas econômico, mas também social. Brandão alertoiu que uma retração desse porte afeta toda a cadeia: da indústria à agricultura, passando pelo transporte e o comércio.
O governador informou que já iniciou uma série de conversas com representantes da Federação das Indústrias, da Federação do Comércio e com lideranças do setor produtivo maranhense para levantar dados concretos sobre os prejuízos potenciais da tarifa. Esses dados subsidiarão encontros com o governo federal e servirão como base para a formulação de uma estratégia nacional de enfrentamento ao tarifaço.
Em resposta ao cenário de incertezas, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, convocou os governadores do Nordeste para uma reunião de emergência. Brandão confirmou presença e defendeu que os estados da região atuem de maneira coordenada e técnica para evitar danos permanentes às suas economias.
Novos mercados
Entre as soluções debatidas, estão a abertura de novas frentes comerciais com Europa, China e Índia, diversificando os destinos das exportações brasileiras e reduzindo a dependência do mercado norte-americano. O governador também mencionou a possibilidade de o Brasil rever tarifas internas, criando incentivos para que os produtos brasileiros mantenham sua competitividade no exterior..
Economia local em risco: uma ameaça aos avanços sociais
Brandão também fez questão de relacionar o impacto do tarifaço aos avanços conquistados nos últimos anos no Maranhão. O estado tem se destacado pela geração de empregos formais, pela execução de mais de três mil obras em andamento, pelo fortalecimento de programas sociais e pela implementação de políticas públicas inovadoras, como o cartão social de R$ 200 com adicional de R$ 50 por filho para famílias em extrema pobreza.
O governador afirmou que a manutenção desses resultados positivos depende da estabilidade econômica internacional e da capacidade do Brasil de negociar em pé de igualdade com os grandes mercados.
Um apelo à diplomacia
Por fim, Brandão acredita que a reversão do tarifaço passa não apenas por ações do governo brasileiro, mas também pela mobilização de setores empresariais nos Estados Unidos. Ele lembrou que, em ocasiões anteriores, Trump recuou em medidas semelhantes após pressão de empresários que se viram prejudicados. Brandão também argumentou que o setor industrial norte-americano também depende de matérias-primas brasileiras. E que há espaço para negociação.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/tarifaco-pode-causar-prejuizo-de-r-147-milhoes-ao-maranhao/