Vereador faz críticas ao prefeito Braide: “Não dialoga com os vereadores e nem com a população”

Em entrevista ao programa Palpite, da rádio online do Grupo O Imparcial, o vereador Jhonatan Soares, do Coletivo Nós (PT), fez um balanço do primeiro mandato do coletivo na Câmara Municipal de São Luís e compartilhou as expectativas para o segundo ciclo legislativo. O Coletivo Nós é o primeiro mandato coletivo eleito no Maranhão, reconduzido à Câmara com 9.847 votos.

Formado por três mulheres e três homens oriundos da periferia e da zona rural de São Luís — Delmar Matias, Eni Ribeiro, Eunice Chê, Flávia Almeida, Jhonatan Soares e Raimunda Oliveira — o grupo ocupa uma única cadeira parlamentar e compartilha todas as decisões de forma igualitária, sem hierarquia interna. O coletivo surgiu em 2018, impulsionado pela luta por justiça social e por uma política mais inclusiva.

Durante a entrevista, Jhonatan Soares destacou o desafio inicial enfrentado pelo grupo ao ingressar na política institucional.

“Quando nasce a proposta do coletivo em 2020, nasce muito sobre essa ótica de ocupar de forma qualificada esse espaço com uma representação popular. Nós aprendemos de forma muito abrupta, que ali na Câmara nada é de graça, nada é nos apresentado com muita facilidade. Quem está lá há muito tempo vai construindo e edificando o seu processo e quem está chegando vai ter que ir para o final da fila e fazer a sua caminhada”, pontuou.

O vereador também ressaltou o amadurecimento do grupo e a superação de expectativas negativas.

“Fizeram aposta que o coletivo iria rachar, que não durava um mês, que não ia durar um ano, que quando começasse a entrar dinheiro na história iria ter rompimento e a gente conseguiu vencer com muita tranquilidade todas essas coisas”, relembrou. Apesar dos desafios internos, afirmou que o histórico de diálogo do grupo, forjado na participação na Pastoral da Juventude, foi fundamental para alcançar consensos.

Críticas à gestão do prefeito Eduardo Braide

Em sua análise sobre o cenário político local, Jhonatan criticou o distanciamento histórico da Câmara Municipal em relação ao povo de São Luís. “A Câmara de São Luís, que tem mais de quatrocentos anos, ao longo dos anos acredito eu que não percebeu que se distanciou do povo, ficando ali em um espaço isolado na Praia Grande. É um espaço que se fechou em si mesmo”, avaliou.

Entre os avanços conquistados pelo Coletivo Nós, ele citou a expansão da votação em todas as zonas eleitorais da capital na última eleição. “Na primeira eleição tivemos votos razoavelmente em quatro zonas eleitorais de São Luís. Nessa última eleição, nós fomos votados em todas as zonas eleitorais dessa cidade. Em todas as zonas, o Coletivo Nós teve acima de mil votos, inclusive em regiões onde não havíamos recebido votos anteriormente. A gente considera isso um avanço de nosso trabalho”, celebrou.

Sobre pautas recentes, o vereador se posicionou firmemente contra o projeto de lei que proíbe o uso de banheiros femininos por mulheres trans. Para Jhonatan, o projeto é baseado em notícias falsas e reforça preconceitos. “O que é mais estapafúrdio é a linha argumentativa do projeto que se baseia em uma fake news”, afirmou. Segundo ele, não há registros de ataques cometidos por pessoas trans em banheiros femininos, e o projeto equipara injustamente a comunidade trans a criminosos. “Independente de ser militante do movimento LGBT, pois eu me considero um homem cis gay, o que eu alertei aos vereadores e vereadoras é que nós não somos vereadores de grupos de amigos, nem vereadores da minha igreja, nem vereadores das nossas famílias. Somos vereadores da população”, declarou.

Ao avaliar a gestão do prefeito Eduardo Braide (PSD), o parlamentar foi contundente: “É uma gestão que não dialoga com os vereadores e nem com a população. O único diálogo que existe é o do prefeito por meio das redes sociais”.

Na área do transporte público, Jhonatan defendeu a necessidade urgente de uma nova licitação para o sistema de transporte coletivo, lembrando que a Prefeitura de São Luís destinou R$ 90 milhões em subsídios ao setor no ano passado. Também cobrou um posicionamento da gestão sobre o plebiscito do passe livre estudantil. “A gestão municipal nunca falou nada oficialmente sobre o assunto, e essa proposição tem que partir do executivo para que a Câmara de São Luís possa estudar e aprovar logo em seguida”, defendeu.

Por fim, o vereador também fez uma análise do cenário político do PT, tanto no âmbito nacional quanto estadual, destacando a importância de manter a coerência e a identidade ideológica do partido frente aos desafios do novo período.

A entrevista completa com o vereador Jhonatan Soares pode ser acessada no canal do YouTube da TV O Imparcial, nas redes sociais e no site oficial do jornal www.oimparcial.com.br.

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