Os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) convocaram uma assembleia para a próxima segunda-feira, 23, com o objetivo de discutir medidas de pressão pela saída do diretor-geral da instituição, Luiz Fernando Corrêa. A informação é do Estadão. Entre as possibilidades levantadas está a deflagração de uma greve geral da categoria, que considera insustentável a permanência do dirigente à frente da agência diante de investigações que o envolvem.
Corrêa é suspeito de ter atuado para dificultar apurações internas sobre o suposto aparelhamento da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo relatório da Polícia Federal, a estrutura paralela de espionagem montada naquele período teria monitorado ilegalmente quase 1,8 mil celulares de autoridades, servidores, jornalistas, artistas e parlamentares. A investigação aponta o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, como o “idealizador” do sistema clandestino.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 20, os servidores da Abin reiteram o pedido de afastamento imediato de Corrêa e cobram uma resposta firme do governo federal. “Será deliberado indicativo de greve em protesto ao tratamento dispensado pelo governo à Inteligência de Estado do Brasil”, diz o comunicado. Essa será a segunda manifestação formal da categoria em menos de uma semana — a primeira ocorreu na última terça-feira, 17, quando os funcionários pediram oficialmente a demissão do diretor-geral.
A insatisfação dos agentes vai além da permanência de Corrêa. No documento, eles criticam a condução da apuração por parte das autoridades federais e citam “falta de controle de questões sigilosas por parte da Polícia Federal e do Ministério da Justiça”. Apesar disso, a Abin afirmou que está colaborando com as investigações em curso.
Luiz Fernando Corrêa foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início de 2023, com a missão de promover uma reformulação na agência. No entanto, seu vínculo anterior com o governo Dilma Rousseff e sua trajetória na segurança pública não têm sido suficientes para conter o descontentamento interno. Sua condução à frente da Abin, especialmente no contexto da revelação da chamada “Abin paralela”, passou a ser vista por muitos servidores como um obstáculo à credibilidade e à depuração do órgão.
A possível paralisação dos servidores coloca mais pressão sobre o Palácio do Planalto, que até o momento tem evitado se posicionar publicamente sobre o futuro de Corrêa. Caso o movimento avance, pode se tornar mais um foco de instabilidade na estrutura de segurança e inteligência do governo Lula, já pressionada por crises herdadas do mandato anterior.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/agentes-da-abin-ameacam-greve-para-pressionar-saida-de-diretor-investigado-pela-pf/
