O Produto Interno Bruto (PIB) da região Sul cresceu 2,4% no terceiro trimestre de 2025 na comparação com o mesmo período do ano passado, acima do 1,8% registrado em todo o Brasil. O crescimento foi puxado principalmente pela recuperação na economia do Rio Grande do Sul, como mostra um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) com base em dados conjunturais, sendo a maioria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desempenho do Rio Grande do Sul foi o mais acentuado, com crescimento de 2,8%, seguido por Paraná (2,5%) e Santa Catarina (1,5%). O principal responsável pelo avanço foi a agropecuária — o crescimento do setor foi de 19,2%, sobrepondo-se a serviços (1,4%) e indústria (1,9%).
A recuperação gaúcha ocorre mais de um ano após as enchentes que abalaram os indicadores econômicos do estado, especialmente nos setores de serviços e indústria. A agropecuária, que vinha apresentando desempenho abaixo dos demais estados sulistas, foi o setor que mais se destacou no período.
“O resultado do agro no Rio Grande do Sul tem muito a ver com a diversificação. A soja teve importância e acabou puxando o resultado para baixo no início do ano. Mas agora veio o fumo, a uva e a pecuária, que também colaborou bastante. É um movimento diferente do que aconteceu no terceiro trimestre”, explica a coordenadora do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre, Juliana Trace.
O Paraná também se destacou na agropecuária, com crescimento de 19,6% no período, bem acima de Santa Catarina, que registrou avanço de 5,7%. Apesar de ter registrado um desempenho similar na indústria e nos serviços, o estado catarinense cresceu menos devido ao desempenho mais discreto justamente na agropecuária.
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Tarifaço de Trump não impactou significativamente o PIB do Sul
O tarifaço imposto pelo presidente americano, Donald Trump, a produtos importados do Brasil começou a vigorar em agosto, o que poderia já ter provocado algum tipo de recuo na economia dos estados do Sul, que são exportadores para os Estados Unidos. Entretanto, os números relativos ao PIB não deixam isso transparecer.
“O tarifaço tem efeito pontual em determinados segmentos da indústria, então claro que teve algum efeito negativo, mas no agregado de todo o setor não apareceu”, analisa a pesquisadora do FGV Ibre, que comenta que a política monetária brasileira tende a ter impactos mais significativos sobre o PIB do que a imposição de tarifas dos EUA.
Para 2026, o FGV Ibre projeta uma desaceleração do crescimento do PIB no Sul, mas também em todo o Brasil, principalmente na indústria e nos serviços. “Não significa retração, mas um crescimento menor, mais contido, mas ainda assim um crescimento”, aponta Juliana Trace, que coloca a política monetária, a política de juros e as eleições como fatores que vão impactar o desempenho econômico.
Além disso, o tamanho do crescimento vai depender da agropecuária, setor instável por estar mais exposto a fatores externos, sobretudo os climáticos. “A agropecuária é muito relevante para Paraná e Rio Grande do Sul, o que não é ruim, mas exige atenção, porque é um setor muito incerto. E é isso que precisamos olhar para 2026”, conclui.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/agro-rs-recupera-enchentes-puxa-pib-sul/
