7 de agosto de 2025
Motta retoma cadeira de presidente da Câmara após dois dias
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Após dois dias de obstrução liderada por parlamentares da oposição, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu retomar o comando da Casa e deu início à sessão plenária na noite desta quarta-feira (6). A sessão, embora aberta oficialmente, foi marcada por momentos de forte tensão, com resistência dos deputados bolsonaristas, que inicialmente se recusaram a deixar a Mesa Diretora, onde estavam acampados desde o início da mobilização.

A lista de presença registra o comparecimento de 298 senhoras e senhores deputados. Está aberta a sessão. Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro, iniciamos os nossos trabalhos”, declarou Motta ao assumir a presidência.

Logo após a abertura da sessão, Motta fez reiterados apelos para que os deputados da oposição deixassem o espaço da Mesa, ocupado ilegalmente por parlamentares do PL e seus aliados.

Quero solicitar aos demais membros da Mesa para tomarem seus assentos, pela gravidade do momento, e solicitar aos demais parlamentares que deixem espaço para a Mesa trabalhar”, afirmou Motta. Em outro momento, visivelmente irritado, reforçou: “Quero contar com a colaboração de todos para que tenhamos respeito. Não vai ser na agressão que nós vamos resolver esse problema.”

A oposição tem adotado estratégias de obstrução desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a cumprir prisão domiciliar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito das milícias digitais.

Entre os atos protagonizados pelos bolsonaristas, chamou atenção a presença da deputada Júlia Zanatta (PL-SC), que levou sua filha de quatro meses ao plenário e passou parte do dia sentada na cadeira da presidência da Casa com a bebê no colo. Outros deputados usaram esparadrapos nos olhos e na boca em sinal de protesto. Já no Senado, o clima também foi de radicalização: parlamentares chegaram a se acorrentar à mesa da presidência para impedir a condução dos trabalhos.

Mesmo diante das tentativas de tumulto, Motta decidiu levar adiante a sessão. Nos bastidores, aliados afirmam que houve negociação com setores moderados da oposição para viabilizar a retomada. A decisão do presidente da Câmara contou com apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que também anunciou a retomada das sessões na Casa Alta, interrompidas pela mesma ofensiva da oposição bolsonarista.

Com o ambiente ainda tenso no Congresso, a expectativa é que as sessões continuem sob forte vigilância e esquema de segurança reforçado. A base governista articula votações ainda nesta semana, enquanto a oposição promete seguir pressionando pela reversão da medida judicial contra Bolsonaro.

A crise política desencadeada pela prisão do ex-presidente expôs mais uma vez o grau de polarização no Legislativo e os desafios da governabilidade em um ambiente marcado por radicalização e disputas institucionais.

Por outro lado, aliados do ex-presidente defendem que o protesto é legítimo e representa reação à “perseguição judicial” contra Bolsonaro. Entre as pautas exigidas estão a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

“Já estamos fazendo a escala do final de semana. Não vamos parar”, afirmou o senador Carlos Portinho (PL-RJ).


A tensão entre os Poderes aumenta em um momento em que o Congresso deveria estar focado em pautas econômicas e sociais urgentes. Com a convocação das sessões e o endurecimento do discurso por parte das presidências da Câmara e do Senado, o impasse político promete se agravar nos próximos dias.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/alcolumbre-e-motta-convocam-sessoes-e-enfrentam-obstrucao-bolsonarista-nas-duas-casas-do-congresso/