20 de setembro de 2024
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O grupo que apoia a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara dos Deputados observa com desconfiança o acordo recentemente firmado entre o PSD e o União Brasil para a disputa pelo comando da Casa. A percepção é de que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, ao recusar repetidamente qualquer apoio ao Republicanos, busca aumentar o valor estratégico de seu partido na corrida eleitoral.

De acordo com interlocutores do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que se posicionou como um dos principais defensores da candidatura de Motta, ele pretende se reunir com Kassab para discutir uma possível aliança com o Republicanos. No entanto, essa conversa ainda não tem data definida. A estratégia de Nogueira é esperar até que o cenário da disputa se estabilize, dando mais tempo para que Kassab considere um eventual acordo.

Partidários de Motta avaliam que não adiantaria falar com Kassab nesse momento porque ele tem demonstrado muita resistência a uma composição. Eles citam o fato de o presidente do PSD não ter se convencido a retirar o candidato do partido mesmo com pedidos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem ele é secretário, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também citam as rusgas com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira.

Apesar disso, a previsão é que o presidente do partido não vai querer comprar briga com esses aliados e vai acabar cedendo no futuro.

Mesmo com Motta se mostrando favorito, Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSD-BA) disseram que não vão retirar suas candidaturas.

Elmar, Kassab e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, decidiram em uma reunião em São Paulo na quarta-feira que vão se unir futuramente para que apenas o mais viável entre os nomes dos dois partidos concorra contra o deputado do Republicanos. Brito conversou com Elmar por telefone e também fez parte desse acordo.

O União Brasil vai fazer reuniões da bancada da Câmara e da Executiva Nacional na próxima semana para debater o processo na Casa. Elmar enviou uma mensagem no grupo de WhatsApp dos deputados federais do partido e disse que a legenda está “unida e mais forte do que nunca” e que o União “vai sair mais forte desse projeto”.

Quem está do lado do Republicanos duvida que esse acordo entre PSD e União Brasil irá de fato prevalecer. Eles dizem que Kassab e a cúpula do União, como o vice-presidente do partido ACM Neto, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, são rivais.

Kassab, Neto e Caiado eram do antigo PFL, que depois mudou de nome para DEM e posteriormente se fundiu com o PSL para formar o União Brasil.

Ao fundar o PSD em 2011, Kassab desidratou boa parte do DEM e, além disso, fez com que o seu partido fosse rival do União Brasil na Bahia, estado de ACM Neto, Elmar e Brito.

O grupo do União Brasil quer também atrair o MDB e dividir as bancadas do PL e do PT. Mesmo com o surgimento do nome de Motta, partidos menores como PSDB, PDT, PRD e Solidariedade disseram que não vão desembarcar de Elmar.

Por outro lado, integrantes do MDB descartam apoiar Elmar Nascimento e veem como caminho mais natural endossar o Republicanos, que faz parte do mesmo bloco que eles na Câmara. Além do fato de Hugo Motta ter começado a carreira política no MDB e ainda ser próximo de integrantes da legenda.

O candidato do Republicanos recebeu sinalizações favoráveis do governo, da oposição e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A cúpula do PT minimiza a proximidade dele com Ciro Nogueira, ex-ministro de Jair Bolsonaro, e com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que comandou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e vê em Motta um nome mais consensual e com mais entrada entre os deputados da Casa do que Elmar.

Com informações de O Globo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/aliados-de-hugo-motta-a-presidencia-da-camara-dos-deputados-querem-reuniao-com-kassab-em-busca-de-acordo/