Os detalhes do esquema criminoso de desvio de emendas parlamentares – que levou três deputados do PL a se tornarem réus pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – expõe uma obscura prática de propinas e ameaças de morte. Os réus são os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) (foto).
A denúncia, que foi analisada pela Primeira Turma do STF, inclui provas como diálogos interceptados, planilhas de pagamentos e extratos bancários que confirmam a movimentação de dinheiro entre os envolvidos, informa Daniela Lima, no g1. Um dos elementos centrais da investigação é a exigência de R$ 1,6 milhão como contrapartida para a alocação de R$ 6,6 milhões em emendas para o município de São José de Ribamar (MA), com recursos que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), eram já desviados do povo.
Cobrador de propina foi assassinado em 2024
Os diálogos revelam a presença de um “cobrador de propina”, identificado como Pacovan, que tinha um papel crucial nas transações. Ele foi assassinado em junho de 2024, embora até o momento não haja indícios de que sua morte esteja relacionada ao esquema de corrupção.
Os áudios mostram a desconfiança entre os parlamentares e o cobrador, evidenciando um clima de tensão em torno do pagamento das propinas. Pacovan expressava preocupações sobre possíveis desvios, chegando a ameaçar outras pessoas envolvidas nas negociações: “Ele vai pegar uma bala na cara. Esse vagabundo.”
Com confiança escassa, ameaça de violência
Além disso, a gravação de uma conversa revela que Maranhãozinho, um dos deputados, estava relutante em ir pessoalmente buscar o dinheiro da propina, temendo ser filmado: “Não posso ir na casa dele. É perigoso.” As investigações mostram ainda que a prefeitura condicionava o pagamento diretamente ao deputado, demonstrando o controle que os parlamentares exerciam sobre o processo.
Os documentos evidenciam um esquema elaborado, com um mercado de lobistas e intermediários, onde a confiança era escassa e a ameaça de violência estava sempre presente. O voto do ministro Cristiano Zanin reforçou a gravidade das acusações, apontando a necessidade de responsabilização dos envolvidos em um contexto de impunidade que afeta a política brasileira.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/ameacas-cobrador-de-propina-e-morte-obscura-os-detalhes-do-esquema-de-corrupcao-com-emendas-parlamentares/
