A Polícia Federal concluiu que o então ministro da Justiça, Anderson Torres, alterou o planejamento das forças de segurança no segundo turno das eleições de 2022 para favorecer o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Em um relatório de 474 páginas, os investigadores detalham ordens, reuniões, viagens e mensagens de Torres ao Ministério da Justiça. Ele também enviou recados à Polícia Rodoviária Federal e à Polícia Federal, subordinadas ao MJ.
A PF indiciou Anderson Torres no inquérito do plano golpista. Ele é investigado por três crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Bolsonaro e alguns de seus ex-ministros foram indiciados pelas mesmas acusações. A Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa o caso e deve se manifestar este ano. Quatro ex-diretores e coordenadores da PRF também foram indiciados.
Em 2022, as Delegacias de Defesa Institucional (Delinsts), especializadas em eleições, elaboraram os planos operacionais no âmbito da PF. Nas investigações atuais, a PF informou que houve uma ordem de mudança proveniente do Ministério da Justiça naquele ano. “A equipe de Anderson Torres, no processo de alterar o planejamento da PF e impor sua vontade, sequer fez contato com tais delegacias para troca de informações”, destacou a PF. O relato foi publicado pela CNN.
“Embora tenha afirmado em suas declarações que ‘os planejamentos operacionais em questão eram apresentados com autonomia pelas instituições’, Anderson Gustavo Torres determinou, fixando prazo de 48 horas, para que sua equipe procedesse à alteração do planejamento elaborado pela Polícia Federal, sem qualquer embasamento técnico ou fático que justificasse tais alterações”, conclui a PF no documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma chefia da PF na Bahia comentou como teria sido a ordem. “Considerando a determinação da Coordenação das eleições e, inclusive, com contato direto partindo de servidores do MJ da época, partimos para alteração do planejamento, de forma urgente, para cumprir a determinação de encaminhamento em missão e engajamento de efetivo maior do que no primeiro turno.”
O documento aponta a viagem de Torres à Bahia às vésperas das eleições, quando ele teria levado o novo planejamento feito por sua equipe. “Há consenso de que, após essa reunião, o superintendente [da Bahia] recebeu uma planilha elaborada sob o comando de Anderson Torres, alterando o planejamento originalmente feito pela equipe especializada local, votos, e que essa alteração efetivamente foi realizada pela PF na Bahia, em cumprimento à sua ordem.”
Detalhes da PRF
Os quatro delegados indiciados foram: Alfredo Carrijo (secretário de operações), Fernando Sousa (diretor de operações, Marília Alencar (diretora de inteligência) e Leo Garrido (coordenador de operações).
“Assim, tem-se que, além de atender às demandas de Anderson Torres e [Alfredo] Carrijo, Fernando de Sousa repassava parte da execução de tais comandos a Leo Garrido e Marília Alencar, determinando-lhe como proceder. Suas intenções restam claramente demonstradas nos diálogos acima, de modo a evidenciar que o objetivo da medida era alterar o resultado das eleições presidenciais”, aponta o relatório final da PF.
Estatísticas
No dia da votação do segundo turno, a corporação fez blitz em pelo menos 610 ônibus fazendo transporte de eleitores. Das primeiras 549 operações registradas no país, 272 (49%) ocorreram no Nordeste, 122 (22,22%) no Centro-Oeste, 59 (10,7%) no Norte, 48 (8,74%) no Sudeste e 48 no Sul (8,74%). Os percentuais foram divulgados no Portal G1.
Em 2022, o então candidato Lula venceu na Região Nordeste por 69,34% a 30,66% de Bolsonaro. O petista perdeu nas demais regiões: Centro-Oeste (60,21% a 39,79%), Norte (51,03% a 48,97%), Sul (61,84% a 38,16%) e Sudeste (54,26% a 45,74%). No Brasil, Lula ganhou por 50,9% (60 milhões) a 49,1% (58 milhões) no segundo turno.
Com informações do portal Brasil 247
Fonte: https://agendadopoder.com.br/anderson-torres-agiu-para-favorecer-bolsonaro-no-segundo-turno-de-2022-conclui-pf/