Pelo menos 967 candidatos nas eleições municipais de 2024 declararam ser transgêneros, ou seja, não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer. Esse número representa 0,2% do total de candidaturas para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador.
Este ano marca a primeira vez em que a informação sobre identidade de gênero é obrigatória na ficha de registro de candidatura, que também passou a incluir a opção de preenchimento voluntário da orientação sexual.
Entre os candidatos a prefeito, nove se identificam como transgêneros. Duda Salabert (PDT), candidata por Belo Horizonte (MG), é a única que concorrerá em uma capital.
A maioria dos candidatos (79,8%) se declarou cisgênero, ou seja, identifica-se com o gênero designado ao nascer. Já 20% optaram por não divulgar sua identidade de gênero.
Quanto à orientação sexual, apenas 32% dos candidatos (143,6 mil dos 454,6 mil) preencheram essa informação. Dentre os que responderam, 141.154 se declararam heterossexuais (98%), 1.035 gays (0,72%), 639 lésbicas (0,44%), 452 bissexuais (0,31%), 192 assexuais (0,13%) e 72 panssexuais (0,05%).
Além disso, 341 candidatos solicitaram o uso do nome social nas urnas eletrônicas. O nome social é aquele pelo qual pessoas transsexuais e travestis são reconhecidas socialmente e pode ser utilizado no título de eleitor desde 2018.
O prazo para o registro de candidaturas terminou na noite de quinta-feira (15). Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram extraídos pela Folha às 8h30 desta sexta-feira (16) e ainda podem sofrer pequenas alterações.
A inclusão das informações sobre identidade de gênero e orientação sexual nas candidaturas é uma reivindicação antiga de representantes da comunidade LGBTQIA+. Segundo ativistas, a ausência de dados oficiais dificulta a criação de políticas que incentivem a representatividade política nos espaços de poder, como a distribuição de recursos.
Até esta eleição, as informações sobre candidatos LGBTQIA+ eram coletadas apenas por organizações da sociedade civil. De acordo com o TSE, os eleitores já podiam informar sua identidade de gênero no cadastro da Justiça Eleitoral desde 2022, mas os dados gerais sobre esse preenchimento só foram divulgados nessas eleições.
Os principais levantamentos sobre a população brasileira também não contemplam questões relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual. O Censo realizado em 2022 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não incluiu perguntas sobre sexualidade e identidade de gênero.
Com informações da Folha de S. Paulo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/ao-menos-967-candidatos-se-declararam-transgeneros-numero-representa-02-do-total-que-concorre-a-prefeito-vice-e-vereador/