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A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que representa 340 deputados federais e senadores, manifestou neste domingo (15) a necessidade de uma investigação urgente e rigorosa sobre as suspeitas de que integrantes do agronegócio possam ter financiado uma tentativa de golpe em 2022. A FPA ressaltou que eventuais “ações isoladas” não devem comprometer a reputação do setor agropecuário.
As declarações da FPA foram feitas após o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmar em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que dinheiro arrecadado “junto ao pessoal do agronegócio” foi entregue por Braga Netto, ex-ministro e general, a um militar investigado. Essa acusação consta na decisão que determinou a prisão preventiva de Braga Netto no sábado (14).
Até o momento, as investigações não detalharam a origem exata dos recursos que, segundo Mauro Cid, foram entregues em espécie dentro de uma sacola de vinho. A denúncia levantou questionamentos sobre possíveis vínculos entre o setor agropecuário e ações golpistas.
Em nota, a FPA defendeu que “os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos”. A entidade destacou ainda que o suposto financiamento deve ser tratado como um caso isolado e não representativo de todo o setor.
“É inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país”, defendeu, cobrando que as investigações sejam conduzidas “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal”.
A reportagem também procurou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira do Agronegócio, que não responderam ao pedido de comentários.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a prisão de Braga Netto relata que o militar providenciou recursos para o plano de matar, em 2022, o presidente eleito, Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o próprio Moraes.
Segundo a decisão de Moraes deste sábado, esse depoimento de Cid, de 21 de novembro, e documentos obtidos na investigação indicam que “foi Walter Braga Netto quem obteve e entregou os recursos necessários para a organização e execução da operação ‘Punhal Verde e Amarelo’ — evento ‘Copa 2022′”.
O Plano Punhal Verde Amarelo previa matar as autoridades. O “evento Copa 2022” era a operação para sequestrar Moraes no dia 15 de dezembro de 2022, de acordo com a PF.
O documento do Supremo diz que o tenente-coronel Rafael de Oliveira se encontrou com Braga Netto e, na ocasião, o general teria entregado a Oliveira dinheiro em espécie, guardado em uma sacola de vinho, para a “realização da operação”.
Os valores, ainda segundo a delação de Cid, teriam sido obtidos com o “pessoal do agronegócio”.
Com informações da Folha de S. Paulo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-cid-relatar-em-delacao-que-agro-deu-dinheiro-para-tentativa-de-golpe-setor-pede-investigacao-para-identificar-culpados/