
O polêmico Frei Gilson, que se tornou um ponto de discórdia entre a direita e à esquerda nas redes sociais, pode estar prestes a receber a Medalha Tiradentes, a maior honraria do legislativo fluminense. A iniciativa é do deputado bolsonarista Thiago Gagliasso (PL), que protocolou um projeto de resolução na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com esse propósito.
No início deste mês, o deputado Marcelo Dino (União Brasil), também bolsonarista, já havia proposto uma Moção de Aplauso ao religioso. Agora, Gagliasso quer levar a homenagem a um novo patamar.
Em sua justificativa, o parlamentar destacou a relevância social e religiosa do Frei, enfatizando sua atuação em defesa de valores conservadores e religiosos como motivo para o reconhecimento. No entanto, o deputado não ignorou as controvérsias que cercam o padre, admitindo que ele divide opiniões e é figura constante em debates sobre religião e política no Brasil.
Embora não tenha uma relação direta com o bolsonarismo, Frei Gilson tem suas pregações alinhadas com as pautas defendidas pelos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em seus sermões, o frei defende a “família tradicional” e repudia o comunismo e o feminismo.
“O Frei Gilson com uma câmera, internet e oração faz mais barulho que todos esses endemoniados juntos agindo na covardia”, escreveu Gagliasso em seu perfil na rede social X, uma semana antes de protocolar a homenagem. O projeto ainda precisa ser aprovado no plenário da Alerj.
Notoriedade nas redes
Frei Gilson tem viralizado nas redes sociais por meio de lives que celebram a chegada da Quaresma e reúnem mais de um milhão de espectadores às 4h da manhã. No Dia Internacional da Mulher, no entanto, ele virou personagem político ao criticar o empoderamento feminino e defender que as mulheres devem atuar de forma auxiliar aos homens.
“Essa é uma fraqueza da mulher: ela sempre quer ter mais. ‘Eu não me contento só em ser… em ter qualidades normais de uma mulher. Eu quero mais’. Isso é ideologia dos mundos atuais. Uma mulher que quer mais… vou até usar a palavra que vocês já escutaram muito: empoderamento”, disse em uma oração transmitida pelas redes sociais.
Pouco depois, complementou:
“O homem, foi dado a ele a liderança, mas a mulher tem o desejo de poder. Não é desejo de serviço, é desejo de poder. Repito a palavra: empoderamento. Portanto, eu já começo a falar: a guerra dos sexos é ideologia pura, é diabólica. Para curar a solidão do homem, Deus fez você. Ela nasceu para auxiliar o homem.”
Quem é Frei Gilson
Cantor e sacerdote da congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, Frei Gilson acumula 1,5 milhão de ouvintes mensais na plataforma de streaming de áudio Spotify, além de comandar o ministério Som do Monte. Tem ainda mais de sete milhões de seguidores no Instagram e outros 1,4 milhão em um canal de WhatsApp.
Depois do episódio, militantes de esquerda criticaram o religioso alegando que ele seria ligado a uma produtora conhecida pelo conteúdo conservador e de que fosse vinculado ao bolsonarismo. A especulação ganhou corpo por conta da participação dele no podcast Conversa Paralela, em outubro do ano passado.
Do outro lado, ele foi defendido por alguns dos principais nomes da direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) chegou a propor um projeto de lei que criminaliza ataques religiosos em redes sociais.
Declarações polêmicas
A partir daí, internautas começaram a resgatar outras imagens e declarações feitas pelo sacerdote em suas lives, abordando temas como o enfrentamento do comunismo no Brasil e a discussão sobre racismo como um “mimimi”.
Numa delas, Gilson faz preces ao lado de outro frei. Juntos, eles pedem pelo “livramento do flagelo do comunismo”. Outro registro mostra o líder religioso comentando sobre o uso do termo “pretinha”. Ele afirma que usa a expressão como um apelido carinhoso e diz que, caso sua atitude despertasse acusações de racismo, seria por conta da “geração mimimi”.
“A gente tem a nossa querida pretinha aqui. Pretinha, todo mundo chama ela de pretinha. É o nome que a gente gosta de chamar carinhosamente, e aí é ‘preconceito’. É a geração do “mimimi”, do dodói. Talvez seja por causa disso que os pais estão fazendo os seus filhos serem dodóis”, argumentou.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-mocao-de-aplauso-frei-gilson-pode-receber-medalha-tiradentes-na-alerj/