21 de setembro de 2024
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Após desfazer a aliança com o Republicanos, partido historicamente ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), trabalha para manter o apoio da denominação evangélica à sua campanha de reeleição. A igreja perdeu espaço no partido para o grupo político do deputado federal Chiquinho Brazão, que assumiu uma secretaria na prefeitura antes de ser preso por supostamente mandar matar a vereadora Marielle Franco. Nesse período, Paes cultivou uma relação amistosa com lideranças políticas da Universal, incluindo o ex-prefeito Marcelo Crivella, e incorporou ao PSD um articulador político da igreja.

No núcleo duro de Paes, a avaliação é de que houve uma inversão na relação com o Republicanos. Antes, ele contava com o apoio da ala política representada por Brazão, pelo prefeito de Belford Roxo, Waguinho, e pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Agora, Paes estreitou relações com a igreja, oferecendo mais estrutura partidária do que a ala religiosa tinha no Republicanos.

Para garantir esse apoio, Paes filiou ao PSD o pastor Deangeles Percy, um dos coordenadores do Grupo Arimatéia, núcleo político da Universal. Percy, candidato a vereador no Rio em outubro, chegou a se filiar ao PL, partido de Jair Bolsonaro, mas optou pelo PSD após um apelo de Paes, que buscava sinalizar uma aliança com a igreja. “Estamos caminhando para um lado, e o Republicanos, que hoje é autônomo, para outro. Com certeza o prefeito entendeu que nossa chegada ao PSD seria interessante para sinalizar que governa para todos, inclusive para os evangélicos”, avaliou o pastor.

Aliados de Paes ainda não têm a dimensão exata do apoio que líderes da Universal darão ao prefeito, mas acreditam que, no mínimo, ele não será alvo de críticas nos templos. Durante a eleição de 2020 contra Marcelo Crivella, bispo da Universal, o pano de fundo religioso foi marcante, com Paes chegando a classificar o adversário como “pai da mentira”.

Após o rompimento com Paes, a direção do Republicanos cogita lançar candidatura própria à prefeitura. Crivella, hoje deputado federal, se coloca à disposição, mas sinaliza com um pacto de não agressão. “O que o partido decidir… eis-me aqui. Mas sem qualquer sentimento de revanchismo contra o prefeito, por quem oro pedindo a Deus que ajude”, disse Crivella.

Paes conversou ao longo da semana com Crivella e com o presidente do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira, para evitar atritos após romper com o partido. Outro nome cogitado pelo Republicanos para a prefeitura do Rio é o do ex-deputado e presidenciável Cabo Daciolo, mas a sigla também considera uma aliança com a candidatura de Alexandre Ramagem (PL).

Em busca do eleitorado evangélico, Paes tem conquistado o apoio de outros segmentos evangélicos, como a família Ferreira, da Assembleia de Deus em Madureira. Apesar de ligado ao bolsonarismo, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, se considera “amigo” do prefeito e não deve atacá-lo durante a campanha.

A campanha de Ramagem aposta na associação com Jair Bolsonaro para atrair o apoio evangélico, segmento que votou majoritariamente no ex-presidente em 2022.

Com informações de O Globo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-rompimento-com-republicanos-paes-costura-apoio-da-universal-e-faz-pacto-de-nao-agressao-com-marcelo-crivella/