28 de outubro de 2024
Após ser reeleito, Nunes defende encerrar contrato com Enel e
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Após vencer a eleição, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que deseja manter a tarifa de ônibus congelada e defendeu o encerramento do contrato com a Enel em razão dos episódios de apagão em entrevista à TV Globo nesta segunda-feira (28).

Nunes venceu Guilherme Boulos (PSOL) com 59,35% dos votos válidos (3.393.110). O psolista conquistou 40,65% (2.323.901).

Há quatro anos a tarifa do ônibus está congelada em R$ 4,40. Em entrevista, o prefeito disse que tem o desejo de manter o valor congelado, porém “não poderia ser irresponsável” e fazer promessas neste momento. Apenas em dezembro, a gestão vai avaliar se o preço da passagem sofrerá aumento ou não.

“Uma coisa que eu sempre fiz e vou continuar fazendo é o governando com responsabilidade. A questão da saúde financeira da cidade, a responsabilidade fiscal, isso é muito importante para a gente poder colocar todos os serviços em atendimento. Quando chega em dezembro é que a gente pega todos os dados do dissídio, o valor do diesel e a questão da política pública de mobilidade para tomar uma decisão. Então, em dezembro, eu sento com a equipe para tomar decisão. Se a gente consegue manter, é a minha vontade, ou se não consegue manter e explicar porque não vai manter.”

Enel

Em um ano, a cidade de São Paulo registrou três episódios de apagão. O primeiro foi registrado em novembro de 2023, onde moradores da Região Metropolitana de São Paulo ficaram uma semana sem energia. Em março de 2024, um novo apagão deixou moradores da região central de São Paulo no escuro por mais de 30 horas. Em outubro, a falta de luz atingiu mais de 3 milhões de pessoas na Grande São Paulo.

Desde 2019, a Enel é responsável pela gestão de energia elétrica em São Paulo e outras 23 cidades da Região Metropolitana. Em entrevista, Nunes defendeu mais uma vez o encerramento do contrato com a concessionária e planeja fazer “pressão política” para isso.

“Reeleito com essa votação expressiva, portanto, inegavelmente com muito mais peso político, eu começo, junto com o Tarcísio, por mais força ainda para tirar essa empresa daqui. Essa empresa tem que sair da cidade de São Paulo”, disse.

“O governo federal, o Presidente da República, esse péssimo ministro de Minas e Energia têm que tomar uma atitude […] A concessão é federal, a regulação é federal e a fiscalização é federal. Então, o governo federal precisa olhar para a população de São Paulo e tirar essa empresa. Nós temos que fazer uma ação para ter uma nova empresa com responsabilidade e isso, se o presidente quiser fazer, ele faz em um minuto, basta assinar o decreto fazendo intervenção, ele tira a diretoria da Enel, põe um interventor para começar a cuidar da cidade”, completou.

Ricardo Nunes (MDB) celebra a vitória no 2º turno para a prefeitura de São Paulo durante festa após o resultado no Clube Banespa, na Zona Sul de São Paulo — Foto: Fábio Tito/g1

Podas de árvores

No 1° semestre deste ano, a capital tinha uma fila de 13,9 mil pedidos de poda ou remoção de árvores pendentes — registrados pelo telefone ou aplicativo do serviço 156, o canal oficial de atendimento da prefeitura. A queda de árvores foi um dos principais fatores que levou ao apagão em São Paulo em outubro.

Questionado sobre as podas, Nunes não esclareceu quais medidas serão tomadas no próximo mandado para reduzir a fila e culpou a Enel pelo problema.

“O que acontece, a gente tem engenheiro-agrônomo em todas as 32 sobre prefeituras. Eu queria fazer um exercício com vocês. Vocês vão estar andando pela rua, olhem a fiação e a árvores, vocês vão ver muitas árvores que passam pela afiação. O problema é a Enel. Eu fiz 620 mil podas. A grande questão é que quando a árvore está encostada no fio é a Enel que faz essa poda, não é a Prefeitura de São Paulo. Ninguém tá empurrando nada. É que se você não desligar energia, coloca em risco a vida do profissional, então a Enel vai, desliga energia e a gente faz a poda”, justificou.

Vice-prefeito

Nunes disse que ainda não conversou com o vice-prefeito, coronel Mello Araújo, sobre as suas funções no futuro mandato e que ele pode ter “uma secretaria executiva para cuidar de pontos específicos”. Também comentou sobre a bagagem do vice que trabalhou durante 30 anos na Polícia Militar e presidio a Ceagesp.

“Acho que uma secretaria executiva que ele possa me ajudar é na questão da Segurança Pública, pode estar ajudando a questão da zeladoria, ou seja, acompanhar mais de perto algumas políticas públicas que a gente está desenvolvendo e vai desenvolver mais específicas, eu chamo de ações prioritárias”.

Abstenções

A capital bateu recorde em 2024 e teve o maior número de abstenções da história em um 2º turno. O número de ausentes chegou em 31,54%, ou seja, 2.940.360 eleitores, e também foi maior do que os votos recebidos por Boulos (2.323.901 votos).

“A gente teve um número de abstenção grande e acho que atribuo isso a uma campanha muito agressiva que a gente não gostaria que acontecesse. Acho que fica uma lição que as pessoas mais agressivas acabaram tendo uma rejeição muita alta. A população rejeitou esse tipo de comportamento”, comentou Nunes.

Ricardo Nunes (MDB) celebra a vitória no 2º turno para a prefeitura de São Paulo enquanto abraça o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante festa após o resultado no Clube Banespa, na Zona Sul de São Paulo — Foto: Fábio Tito/g1
Ricardo Nunes (MDB) celebra a vitória no 2º turno para a prefeitura de São Paulo enquanto abraça o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante festa após o resultado no Clube Banespa, na Zona Sul de São Paulo — Foto: Fábio Tito/g1

Sintonia com Tarcísio

No 1° discurso após vencer as eleições, Nunes agradeceu a Deus, à família, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem chamou de “líder maior”, e afirmou que vai governar para todos e que o equilíbrio venceu o extremismo.

Em entrevista à emissora GloboNews, o emedebista voltou a tecer elogios ao governador e agradeceu seu apoio ao longo da campanha eleitoral.

“O Tarcísio, realmente, foi fundamental nesse processo. Não só como um grande parceiro na administração. A gente tem muitas ações conjuntas, habitação, segurança, saneamento, mas o Tarcísio também participou muito ativamente da eleição. Lá no dia 28, 29 de agosto, mais ou menos, dei uma caidinha [nas pesquisas]. E aí foi quando o Tarcísio mais entrou. Foi no momento de dificuldade que ele mais se aproximou e demonstrou seu alto caráter.”

“Então, nós temos é diálogo todos os dias. As pessoas talvez não têm ideia de como é o dia a dia do governador, do prefeito. Existe uma sintonia muito forte, então todos os dias a gente trabalha, a gente costuma.”

Questionado sobre a relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Nunes não citou o nome dele ao longo da entrevista e disse que “na eleição a lealdade é fundamental”.

Bolsonaro fez a primeira aparição pública ao lado de Nunes somente cinco dias antes do 2° turno. Durante a campanha, o ex-presidente chegou a elogiar o empresário Pablo Marçal — que ficou em 3° lugar no 1° turno.

“O político ele tem que saber governar, tem a questão administrativa, mas também tem uma questão de traço de caráter. O traço de caráter é fundamental em todos os aspectos, na nossa empresa, os nossos colegas de trabalho. Quando você tem alguém que foge do traço de caráter é, evidentemente, não é uma pessoa confiável. E o Tarcísio, não, com a postura muito correta o tempo inteiro, uma pessoa muito parceira, parceira dos bons momentos, parceiro dos maus momentos, parceiro de todos os momentos. Então, foi esse o grande destaque. Sobre o futuro, eu acho que o que a gente deseja são políticos que tenham sensibilidade, bom traço de caráter, que sejam, aliás, competentes e que tragam um resultado.”

Com informações do g1.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-ser-reeleito-nunes-defende-encerrar-contrato-com-enel-e-diz-que-ministro-de-minas-e-energia-e-pessimo/