14 de julho de 2025
Articulação da base levou Cláudio Castro a recuar sobre recondução
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A decisão do governador do Rio, Cláudio Castro, de reconduzir Washington Reis à Secretaria de Estado de Transportes só não se concretizou por conta de uma intensa articulação política nos bastidores. A pressão começou a esquentar na segunda-feira (7), quando o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, e o deputado federal Doutor Luizinho, presidente regional do PP, se reuniram com o governador no Palácio Guanabara.

O encontro teve como objetivo pressionar Castro pela manutenção da exoneração do ex-prefeito de Duque de Caxias, uma vez que reconduzi-lo ao cargo poderia gerar mais desconforto e retaliações – nesta quinta-feira (10), os dois lançaram uma nota de apoio ao afastamento de Reis.

Logo após, entrou em cena os deputados Alan Lopes (PL), Filippe Poubel (PL) e Rodrigo Amorim (União Brasil), a chamada “tropa de choque” do presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil). Juntos, eles ajudaram a articular uma narrativa que fosse capaz de desonerar a responsabilidade de Castro em relação ao episódio.

A estratégia foi desenhada com o objetivo de encontrar uma saída que não causasse tanto desgaste ao governador, considerado, segundo fontes próximas ao grupo, o grande responsável por toda a situação, já que não teria exonerado Washington Reis no momento certo.

Na avaliação deles, Reis extrapolou os limites quando gravou um vídeo ao lado do prefeito do Rio, Eduardo Paes, principal adversário do bolsonarismo e provável candidato ao governo estadual nas eleições de 2026. Para os deputados envolvidos na articulação, a postura de Castro de não agir imediatamente após o episódio contribuiu para a escalada da crise.

Na terça-feira (8), o trio, acompanhado do secretário estadual de Governo, André Moura, se reuniu com o governador em uma verdadeira “lavação de roupa suja”. A conversa foi marcada por mais pressão sobre Castro para reverter sua decisão, diante da insistência do senador Flávio Bolsonaro, que também defendia a recondução de Reis ao cargo.

No entanto, para não criar um desgaste irreversível com a base, a solução encontrada foi comunicar que a exoneração de Reis já estava planejada, mas que a medida não deveria ser interpretada como uma decisão isolada de Castro.

“Tinha que passar a ideia de que não era um ato do governador, mas sim do grupo político. O senador Flávio Bolsonaro não tem nada a ver com isso. Eles se falaram ao telefone e o senador disse que a decisão deveria ser negociada”, comentou um assessor de um dos deputados presentes.

Mas era preciso ainda constar no comunicado que Bacellar havia errado ao tomar a decisão de tirar Reis sem consultar o governador. Consultando, o presidente da Alerj aprovou a estratégia, que acabou se tornando pública na quarta-feira (09).

Um deputado estadual, membro da base de apoio do governo, comemorou a solução: “Quando 60 deputados votam pela convocação de um secretário, é porque não o querem no governo”, resumiu. Para muitos, a manobra política foi a única alternativa para preservar a imagem do governador e manter a estabilidade política no estado.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/articulacao-da-base-levou-claudio-castro-a-recuar-sobre-reconducao-de-washington-reis/