18 de março de 2025
As três perguntas que o comandante geral do Exército fez
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Na visita a Walter Braga Netto no mês passado, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, fez três perguntas protocolares ao ex-ministro da Defesa e ex-companheiro de chapa de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, informa Malu Gaspar em sua coluna no jornal O GLOBO.

Tomás Paiva quis saber o quadro de saúde do general, se a família dele estava bem e se Braga Netto precisava de alguma ajuda no campo jurídico. O general está preso há 88 dias em uma instalação do Exército no Rio e foi denunciado no mês passado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por golpe de Estado e outros quatro crimes relacionados ao envolvimento numa trama para impedir a posse de Lula.

A visita do comandante, porém, não foi um privilégio. Fez parte de uma agenda regular que o comandante tem com os detentos militares, para verificar suas instalações, as condições de saúde e o acesso a advogados.

No encontro de 15 minutos, Braga Netto disse a Tomás Paiva que estava bem e não pediu nenhum tipo de ajuda, nem demonstrou sinais de abatimento, segundo relatos obtidos pela reportagem. Os dois não são nem próximos e nem amigos, muito pelo contrário.

As investigações da Polícia Federal sobre a trama golpista mostraram que Braga Netto orientou militares golpistas a promover ataques nas redes contra Paiva e outros generais que ele considerava esquerdistas ou comunistas. Entre os bolsonaristas, Paiva e outros quatro generais eram chamados de “melancias” – verdes por fora, vermelhos por dentro.

Tomás Paiva, porém, não falou disso na visita a Braga Netto. A interlocutores, ele disse que esse era um “não assunto”.

Obstrução de Justiça

Braga Netto teve a prisão preventiva decretada em dezembro do ano passado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Moraes considerou que Braga Netto tentou obstruir a Justiça ao tentar obter acesso à delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

A longa duração das prisões preventivas decretadas por Moraes tem incomodado integrantes da cúpula das Forças Armadas, que apontam que as investigações já estão avançadas, com a denúncia prestes a ser julgada pelo STF.

Por ser general de quatro estrelas, Braga Netto não está em uma cela propriamente dita, mas um cômodo com armário, geladeira, ar-condicionado, televisão e banheiro exclusivo.

O general já passou pela inspeção carcerária realizada pelo juiz federal da Justiça Militar Carlos Henrique da Silva Reiniger Ferreira, da 3ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar.

Interlocutores de Braga Netto têm manifestado uma crescente mágoa com a cúpula do Exército diante do avanço do cerco da Justiça a aliados de Jair Bolsonaro acusados de tramar uma conspiração para impedir a posse de Lula em 2023.

Na avaliação de pessoas próximas do ex-candidato a vice de Bolsonaro, a Força estaria empenhada em “limpar” sua imagem – dos 34 denunciados pela PGR, 24 são militares – sem admitir a suposta omissão da instituição diante da trama golpista.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/as-tres-perguntas-que-o-comandante-geral-do-exercito-fez-a-braga-netto-ao-visita-lo-na-prisao/