7 de fevereiro de 2025
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O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, falou sobre a atual situação do Bolsa Família, o impacto da inflação alimentar e as perspectivas para o programa de transferência de renda mais emblemático do governo federal.

Em entrevista exclusiva à DW Brasil, o ministro, que está preparando um relatório para apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até março deste ano, afirmou que a elevação nos preços dos alimentos, que ultrapassou os 8% no Brasil em 2024, será um fator determinante para a possível necessidade de ajustes no benefício.

“O problema é o preço do alimento, que teve essa elevação brusca do fim do ano passado para cá”, disse Dias ao comentar sobre a inflação alimentar, conforme dados do IBGE. Ele adiantou que a discussão “está na mesa” e que uma decisão sobre possíveis ajustes será tomada até o final de março, em diálogo com o presidente, pois os efeitos dessa alta impactam diretamente a população mais vulnerável.

Lançado como uma das promessas de campanha de Lula, o Bolsa Família tem sido a principal ferramenta de combate à pobreza e à insegurança alimentar no Brasil. De acordo com o ministro, o programa segue como peça central do projeto de erradicação da fome e da pobreza, apresentado pelo Brasil durante a última cúpula do G20. “Em 2015, o mundo pactuou o objetivo global de chegar a 2030 sem fome e sem pobreza. Mas as coisas pioraram: em 2022, já eram 750 milhões de pessoas em insegurança alimentar”, destacou o ministro, ressaltando a importância de envolver outros países na iniciativa global.

Dias também ressaltou que o programa de transferência direta de renda, um dos pilares do Bolsa Família, tem contribuído para tirar milhões de brasileiros da extrema pobreza, levando-os à classe média. Ele enfatizou que, mesmo com o aumento do número de beneficiários nos últimos anos, o Brasil tem alcançado avanços importantes, como a redução da informalidade no mercado de trabalho e a ampliação do empreendedorismo entre os mais pobres.

Uma das principais metas do governo, segundo o ministro, é reduzir a dependência do Bolsa Família por meio da geração de empregos e da promoção do empreendedorismo. Nos últimos anos, o programa conseguiu remover cerca de 4 milhões de benefícios irregulares, combatendo fraudes como documentos falsos e beneficiários com rendas elevadas. “Por outro lado, alcançamos cerca de 5 milhões de famílias que estavam passando fome e não conseguiam acessar o programa”, afirmou Dias, destacando o foco na integração das políticas de transferência de renda com a geração de emprego formal.

Apesar das tentativas de redução do número de beneficiários, o ministro apontou que a situação atual da inflação dos alimentos tem gerado novas preocupações, especialmente em relação à alta no custo dos alimentos. O aumento de 8% no preço da comida, segundo dados do IBGE, gerou um descompasso no planejamento do governo. “O problema é o preço do alimento, que teve essa elevação brusca do fim do ano passado para cá. Isso está fora do planejado”, explicou, admitindo que a possibilidade de um reajuste no valor do benefício está em discussão.

Dias afirmou que o valor do Bolsa Família, atualmente em torno de R$ 600, ainda se mantém dentro de um padrão internacional, mas a elevação nos preços dos alimentos, sobretudo os itens básicos da alimentação, coloca em risco o poder de compra das famílias beneficiadas. “O ajuste está na mesa”, disse o ministro, que prometeu uma decisão até março deste ano. Ele destacou ainda que o governo precisa equilibrar a necessidade de manter o valor do benefício enquanto enfrenta a inflação e o aumento dos preços dos alimentos.

Além disso, o ministro também comentou sobre a sustentabilidade do programa em relação à inflação e ao crescimento econômico do Brasil. “O país está crescendo, apesar de todo o pessimismo. O Brasil cresceu 3,5% em 2024 e acredito que vamos alcançar entre 3,5% e 4% neste ano”, afirmou, defendendo que o crescimento econômico tem gerado um ciclo positivo, com maior empregabilidade e aumento na renda dos mais pobres.

Uma das estratégias que o governo tem adotado para reduzir a dependência do Bolsa Família é incentivar o empreendedorismo entre os beneficiários. O ministro destacou o Programa Acredita, lançado no final de 2024, que oferece linhas de crédito facilitadas para aqueles que desejam abrir um negócio. “É um alicerce para esse público empreender”, disse Dias, ressaltando que a perspectiva não é apenas tirar as pessoas da miséria, mas também elevá-las à classe média.

A ampliação do programa de qualificação profissional, com cursos voltados para diversas áreas, também tem sido um foco do governo. “Queremos uma saída segura do programa, com inclusão social e econômica”, explicou o ministro, destacando que, atualmente, cerca de 9 milhões de pessoas estão se qualificando para o mercado de trabalho ou o empreendedorismo. Outro ponto discutido na entrevista foi a questão da insegurança alimentar no Brasil. Embora o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) tenha um orçamento modesto de R$ 1 bilhão para 2024, o ministro afirmou que ele é um complemento importante para a política de segurança alimentar. “O maior programa é a alimentação escolar, com um orçamento de cerca de R$ 15 bilhões”, explicou, destacando a importância da integração entre os programas sociais para combater a desnutrição e a fome no país.

Dias também falou sobre o impacto da exportação de alimentos, como o café e o milho, que têm influenciado diretamente o preço dos alimentos no mercado interno. Ele afirmou que o Brasil precisa equilibrar as exportações para evitar a escassez de produtos essenciais, o que pode prejudicar os mais pobres. “O nosso trabalho é analisar a necessidade de alimentos do país para não exportar mais do que podemos”, explicou o ministro.

Com a inflação de alimentos ainda pressionando as finanças das famílias mais vulneráveis, o governo brasileiro tem buscado formas de minimizar os impactos dessa elevação. A projeção é que, em 2025, o Brasil consiga melhorar o equilíbrio entre produção e consumo interno, especialmente no que se refere aos preços do arroz e do café.

Embora o cenário atual ainda seja desafiador, o ministro Wellington Dias se mostrou otimista em relação ao futuro do Bolsa Família e das políticas de combate à pobreza no Brasil. “A nossa aposta é uma redução cada vez maior do número de benefícios em razão da empregabilidade e do empreendedorismo”, concluiu, destacando a importância de uma integração mais ampla das políticas públicas para garantir a superação da pobreza e a inclusão social no país.

Com informações da revista alemão DW Brasil via portal Brasil 247

Fonte: https://agendadopoder.com.br/aumento-do-bolsa-familia-pode-ser-decidido-ate-marco-acredita-ministro-wellington-dias/