24 de novembro de 2025
Bairro planejado vira ímã para nômades digitais em Santa Catarina
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O comportamento residencial da população brasileira está em fase de alteração, refletindo transformações sociais e econômicas na dinâmica da moradia. Dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que mais de 14,4 milhões de brasileiros vivem sozinhos, o que representa o maior número já contabilizado na história do levantamento.

Um outro estudo do Datafolha aponta que uma parcela dos jovens entre 24 e 35 anos manifesta preferência por residir em mais de uma cidade ao longo de suas vidas, em vez de estabelecer uma moradia fixa e permanente. Os dois levantamentos dão sinais de uma tendência que tem impactado na demanda por imóveis e na configuração dos novos projetos urbanísticos.

Um retrato desse movimento pode ser observado em cidades que atraem profissionais que trabalham de forma remota, como Florianópolis (SC), um dos principais destinos buscados por nômades digitais na listagem de 2024 do Nomad List. Em lugares assim, o mercado imobiliário tem reagido direcionando investimentos para o desenvolvimento de bairros planejados que oferecem concentração de serviços, comércios e opções de lazer a curta distância das residências.

São núcleos que funcionam como ecossistemas urbanos capazes de atender ao novo perfil de morador, que buscam moradias com elevado padrão de infraestrutura e serviços próximos, além de ambientes de convivência e mobilidade facilitada.

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Pedra Branca vira laboratório urbano para o futuro da moradia no Brasil

Na Grande Florianópolis, um dos casos de planejamento urbano de maior sucesso é a Cidade Criativa Pedra Branca, situado no município de Palhoça (SC) e a 30 minutos de carro do Aeroporto Internacional Hercílio Luz. O bairro foi concebido para que os moradores pudessem morar, trabalhar, estudar e se divertir em um mesmo território.

Aos moradores que extrapolam os nômades digitais, abriga cafés, restaurantes, eventos culturais, espaços de coworking e alta circulação de estudantes universitários. A região é considerada um laboratório urbano e tem recebido reconhecimento internacional por seu planejamento em sustentabilidade urbana.

O projeto conquistou prêmios na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires, no jornal Financial Times, e foi incluído no programa Climate Positive da Fundação Bill Clinton. É neste ambiente que construtora e incorporadora Hurbana lançou o empreendimento de studios e apartamentos compactos na região de Florianópolis, focada em moradores transitórios, profissionais e estudantes.

O projeto “Atrium Vista” incorpora áreas compartilhadas como lavanderia, oficina de reparos, lounges, bar central e espaços para práticas de bem-estar. O conceito de convivência é reforçado por uma piscina no rooftop e a implementação de fachada ativa, com cafés e lojas no térreo, que buscam promover a vida urbana no nível da rua.

“Hoje, quem busca moradia não está atrás apenas de metragem, está atrás de contexto. Há um público que circula por ciclos acadêmicos, criativos ou profissionais e quer viver em lugares onde a rua é extensão da casa”, pontuou a diretora executiva da Hurbana, Patrícia Philippi.

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Studios de 38m² rendem R$ 5 mil de aluguel e “se pagam sozinhos” em Florianópolis

Com concentração crescente de coworkings além da universidade, a Cidade Criativa Pedra Branca, na Grande Florianópolis, tem chamado atenção como destino para quem trabalha em formatos híbridos ou remotos — os nômades digitais. Ao mesmo tempo, o mercado tem se adaptado para atender a uma demanda crescente por habitações que seguem o modelo de unidades compactas e que são cada vez mais rentáveis.

Investidor com quatro unidades na Pedra Branca, Marcelo Bonnassis encontrou nesse tipo de acomodação uma oportunidade de investimento. Em parte, devido à estruturação financeira oferecida pelas incorporadoras.

“A conta é simples: um studio ali [na região de Fliranópolis], com 38 m², vai custar em torno de R$ 550 mil. Desses R$ 550 mil, o investidor paga 36% durante a obra e financia 64% com o banco. Ou seja, financia uns R$ 380 mil a R$ 400 mil”, explicou.

O investidor detalha a lógica financeira por trás da aquisição de imóveis, ao comparar com o custo do financiamento e a receita de locação na região. “Um apartamento desse perfil — um dormitório ou studio aqui no Passeio Pedra Branca — aluga por R$ 4,5 mil a R$ 5 mil. O valor que recebe de aluguel é maior do que o valor que tu paga para o banco. O apartamento se paga sozinho”, justificou.

Bonnassis , que pretende adquirir a quinta unidade em breve, adotou a estratégia para crescimento de patrimônio a longo prazo, aproveitando o período de construção do empreendimento para reduzir o capital próprio imobilizado. “Eu sou exatamente esse tipo de investidor: compro aproveitando essas oportunidades, pago as parcelinhas durante três anos e, quando financio, o valor do financiamento fica mais baixo do que o valor que eu recebo de aluguel”, disse.

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De estudantes e nômades digitais a aposentados: a diversidade de quem busca moradia temporária

Bairros planejados como Pedra Branca passam a ser observados não apenas como territórios urbanísticos, mas como protótipos do futuro da moradia nas cidades brasileiras. A diversidade do público que permaneceram por meses nas unidades locadas pelo investidor dão uma ideia do perfil de quem busca esse tipo de moradia temporária.

Um estudante de medicina; um publicitário jovem, atuando como criador de conteúdo digital, com mais de 200 mil seguidores; um estrangeiro, de origem chinesa, que utilizou um dos apartamentos por seis meses; e um brasileiro, residente nos EUA, que ficou no studio da Grande Florianópolis enquanto construía casa na serra catarinense.

“O bairro é planejado, bonito e seguro e isso pesa muito na decisão de quem vem pra cá”, avaliou Bonnassis. As características influenciaram na decisão de um casal de idosos, professores aposentados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que alugou um imóvel na região. Depois de um ano na acomodação, os dois decidiram comprar imóvel no bairro planejado.

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Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/santa-catarina/bairro-planejado-pedra-branca-nomades-digitais/