18 de julho de 2025
Eduardo Bolsonaro prevê sanções dos EUA contra Alexandre de Moraes
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Antes mesmo da operação da Polícia Federal deflagrada nesta sexta-feira (18) contra Jair Bolsonaro, aliados do ex-presidente já projetavam um movimento diplomático envolvendo diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A aposta no núcleo bolsonarista era de que Trump poderia decretar sanções pessoais contra Moraes com base na chamada Lei Magnitsky, legislação estadunidense que permite punir autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos. Essa eventual sanção, segundo interlocutores do ex-presidente, serviria como uma espécie de “compensação” para justificar um possível recuo de Trump na sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.

Com a operação desta sexta-feira — que incluiu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e medidas cautelares como tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais, comunicação com diplomatas e aproximação de embaixadas —, a expectativa sobre uma trégua comercial esfriou.

Agora, aliados próximos ao ex-presidente temem que a nova ofensiva contra Bolsonaro leve Trump a manter, ou até ampliar, a retaliação tarifária ao Brasil — é este o lobby da extrema direita para impedir que o ex-mandatário brasileiro seja punido por seus crimes.

Pressão internacional e cálculo político

O clima entre bolsonaristas é de apreensão. Eles esperavam que uma punição a Moraes, articulada por Trump, pudesse servir como gesto político simbólico em resposta ao que consideram uma “perseguição” judicial ao ex-presidente. A imposição da tarifa de 50%, anunciada por Trump como forma de pressionar o governo Lula, estaria então condicionada, informalmente, a alguma ação contra Moraes — o principal alvo do bolsonarismo no Judiciário.

Nos bastidores, fontes ligadas ao ex-presidente diziam acreditar que o anúncio da sanção dos EUA a Moraes seria feito até o início da próxima semana. Com a escalada das investigações e as medidas judiciais adotadas contra Bolsonaro, essa hipótese agora se tornou incerta.

A ofensiva da PF ocorreu poucos dias após Trump divulgar uma carta pública em defesa de Bolsonaro, classificando-o como vítima de um “sistema injusto” e cobrando o fim imediato do processo judicial em curso no Supremo Tribunal Federal. A carta, publicada com timbre da Casa Branca na rede social Truth Social, gerou forte repercussão política no Brasil e intensificou as tensões diplomáticas entre os dois países. O governo alega que os EUA ferem a soberania nacional ao “chantagear” o país com tarifas sem justificativa econômica para emplacar sua agenda política.

Tarifas em jogo

A sobretaxa de 50% imposta por Trump, com data de início marcada para 1º de agosto, é vista com preocupação por setores da economia brasileira, especialmente os exportadores de frutas e aeronaves. A medida é parte de um pacote de retaliações adotado pelo governo estadunidense sob alegações de “práticas comerciais desleais”, mas o pano de fundo político ganhou protagonismo nos últimos dias.

A expectativa entre interlocutores de Bolsonaro era de que, ao punir diretamente Moraes, Trump criaria um pretexto para suspender a penalização ao Brasil, preservando sua retórica contra o STF e seu aliado sul-americano.

Com o avanço das investigações e as restrições impostas a Bolsonaro nesta sexta-feira, essa possibilidade passa a ser vista como menos provável — e aumenta o temor de que os efeitos econômicos e diplomáticos da crise se aprofundem.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaristas-dizem-que-operacao-da-pf-vai-acelerar-sancao-dos-eua-contra-moraes/