
O Senado Federal retomou oficialmente suas atividades nesta quinta-feira (7), em uma sessão remota convocada pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), após dias de impasse provocados por parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sessão marca o retorno dos trabalhos legislativos depois que bolsonaristas ocuparam fisicamente os plenários do Congresso Nacional, em uma tentativa de pautar temas alinhados à sua base ideológica.
As manifestações ganharam força após a Justiça decretar prisão domiciliar contra um aliado do ex-presidente, o que levou apoiadores a intensificarem a pressão sobre o Legislativo. Segundo informações do g1, a movimentação tem sido interpretada por interlocutores do Congresso como parte de uma ofensiva coordenada para interferir nas decisões da Casa.
Durante a semana, deputados e senadores ligados a Bolsonaro ocuparam os plenários do Congresso para forçar a apreciação de propostas como o perdão aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o fim do foro privilegiado e o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sessão remota e recado firme
Em resposta à escalada de tensões, Alcolumbre decidiu que a sessão desta quinta seria realizada de forma remota, evitando confronto direto no plenário. A decisão dispensou o uso do chamado “bunker” do Senado, estrutura montada no Prodasen (Secretaria de Tecnologia da Informação) e usada principalmente durante a pandemia da Covid-19.
O presidente do Senado também publicou uma nota pública em que rejeita qualquer tentativa de intimidação. “Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento”, declarou Alcolumbre, reiterando que não permitirá que a pressão política interfira no funcionamento do Parlamento.
Pauta econômica permanece em foco
Apesar da crise política, a pauta legislativa não foi abandonada. Na sessão remota, os senadores devem votar o projeto que reajusta a faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com renda de até dois salários mínimos. A proposta, já aprovada pela Câmara dos Deputados, precisa passar pelo Senado até o próximo dia 11 de agosto para não perder validade.
Alcolumbre fez questão de destacar a importância da matéria. “Seguiremos votando matérias de interesse da população, como o projeto que assegura a isenção do Imposto de Renda para milhões de brasileiros que recebem até dois salários mínimos”, afirmou. Para ele, o momento exige equilíbrio institucional. “A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza.”
A expectativa é de que, mesmo com a pressão dos grupos bolsonaristas, o Congresso consiga manter sua agenda de votações, sinalizando a continuidade dos trabalhos em meio à instabilidade política.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaristas-liberam-plenario-do-senado-apos-dois-dias-de-obstrucao/