8 de abril de 2025
Sete governadores confirmaram presença em ato pró-anistia de Bolsonaro no
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Menos de duas semanas após se tornar réu sob acusação de liderar uma trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) promove novo ato pela anistia aos envolvidos no 8 de janeiro ao lado de apoiadores –e possíveis herdeiros políticos– neste domingo (6), na avenida Paulista, em São Paulo.

Quatro dos principais nomes da direita cotados à Presidência da República em 2026, diante da inelegibilidade de Bolsonaro, confirmaram presença: os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Entre eles, apenas Tarcísio esteve no protesto de 16 de março em Copacabana, no Rio de Janeiro.

O ato deste domingo, segundo seus organizadores, busca demonstrar apoio popular ao projeto de anistia —atualmente parado na Câmara dos Deputados— e pressionar sua votação em caráter de urgência. A mobilização também mira críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal), que aceitou a denúncia na qual o ex-presidente é acusado de participação em trama golpista em 2022.

Aliados de Bolsonaro têm concentrado esforços no público feminino para liderar o movimento. Nesta semana, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou um vídeo convocando as mulheres a comparecer ao ato munidas de batons –referência ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, que pichou a estátua “A Justiça”, em frente ao STF, ficou detida por dois anos e passou à prisão domiciliar na semana passada.

A aposta na participação feminina visa suavizar os impactos dos ataques e colocar os envolvidos na esfera da proteção dos direitos humanos, disse a analista política Júlia Almeida à Folha

O ato tem início marcado para às 14h, em frente ao Masp. O discurso de Bolsonaro, que encerra o protesto, está previsto para ocorrer por volta das 16h. Interlocutores apostam que, repetindo o roteiro usado em Copacabana, a fala deve focar na anistia, sem enfatizar tantas críticas ao STF. Essa parte seria atribuída ao pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação.

O mesmo deve acontecer em relação à fala do principal afilhado político de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas. Aliados afirmam que o governador de São Paulo fará um discurso mais ameno e focado nas penas impostas aos condenados do 8 de janeiro, evitando ataques às instituições. Ele também deve repetir os elogios a Bolsonaro, a quem sempre agradece por tê-lo lançado à vida política e a quem publicamente defende na disputa à Presidência em 2026, mesmo que o ex-presidente esteja inelegível.

“O Brasil era diferente, a gente tem que voltar a caminhar pela prosperidade. A gente precisa de um grande líder e esse líder é Jair Messias Bolsonaro”, afirmou Tarcísio em seu discurso no ato de Copacabana, em março.

Tarcísio deve ser o único dos governadores presentes a discursar. Ao todo, sete devem comparecer:  Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Mauro Mendes (União), do Mato Grosso e Wilson Lima (União), do Amazonas, além dos nomes já citados acima. Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, não irá, decidiu não sair do Rio para acompanhar os trabalhos do governo sobre as chuvas no estado.

Embora Tarcísio negue publicamente a intenção de se candidatar ao Planalto, aliados do governador afirmam que a sua saída do cargo é vista como certa pelo seu entorno, dada a proximidade dele com Bolsonaro, que está hospedado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Bolsonaristas têm explorado o episódio para criticar as penas aplicadas aos envolvidos no 8 de janeiro. Como parte do protesto, um batom inflável de 6 metros de altura deve ser erguido na avenida. A organização prevê que a convocatória de Michelle deve atrair muitas mulheres, já que a própria ex-primeira-dama estará presente, diferentemente do que ocorreu no ato de Copacabana, e fará um discurso.

Cotados para concorrer ao governo do estado, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o presidente na Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado (PL), têm articulado suas candidaturas nos bastidores e confirmaram presença no ato deste domingo. Nunes, inclusive, foi incluído na lista de discursos.

A expectativa é que o ato em São Paulo seja maior do que o que ocorreu no Rio de Janeiro. Na ocasião, esperava-se 1 milhão de participantes, segundo o ex-presidente. No entanto, a estimativa do Datafolha contabilizou 30 mil presentes no local. Desta vez, tanto a coordenação do ato quanto Bolsonaro não apresentaram, em números, o quanto esperam atrair na Paulista.

De forma a evitar que o protesto seja esvaziado pelos alertas de chuvas para o domingo, a organização prepara tendas para os trios elétricos onde serão realizados os discursos e pede que as falas sejam breves, de até três minutos.

A ordem dos discursos foi definida da seguinte forma: primeiro, a deputada federal Priscila Costa (PL-CE) fará uma oração. Na sequência, discursarão o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a vice-prefeita de Dourados (MS), Gianni Nogueira (PL), a quem Bolsonaro pretende apoiar para uma vaga ao Senado em 2026, os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Caroline de Toni (PL-SC), o senador Rogério Marinho (PL-RN), Nunes, Michelle, Tarcísio, Malafaia e, por fim, Bolsonaro.

Com informações da Folha de São Paulo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-atrai-presidenciaveis-da-direita-e-mira-mulheres-em-1o-ato-apos-virar-reu/