15 de março de 2025
Bolsonaro compara popularidade de Michelle à de Gusttavo Lima, mas
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou nesta sexta-feira a popularidade da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com a do sertanejo Gusttavo Lima ao ser questionado sobre um possível sucessor no campo da direita na eleição de 2026. O ex-mandatário, entretanto, voltou a negar a possibilidade de candidatura de Michelle ao Planalto no próximo ano.

— Eu nunca lancei Michelle presidente, nem Flávio (Bolsonaro). Parecido com o Gusttavo Lima no tocante da popularidade, o pessoal gosta da Michelle, que é mulher e evangélica. A ideia é ela vir candidata ao Senado, o Eduardo (Bolsonaro ao Senado) por São Paulo e o Flávio pelo Rio. (Também que o) Carlos (Bolsonaro) venha a deputado federal, assim como o Jair Renan — disse Bolsonaro em entrevista ao podcast Flow.

A declaração com menção a Gusttavo Lima foi dada três dias após Bolsonaro afirmar desconhecer o sertanejo em um evento em São Paulo para lançar capacetes. O artista tem se colocado como um nome para disputar as eleições de 2026.

Na entrevista, o ex-mandatário disse que é “perseguido” na Justiça por conta de um “jogo de poder”. Ele voltou a criticar a condução do Supremo Tribunal Federal (STF) nos processos contra ele.

Para Bolsonaro, está ocorrendo um “julgamento relâmpago” e etapas do devido processo legal estão sendo desrespeitadas pela Corte. O ex-presidente também se queixou do novo entendimento do STF para aplicação do foro privilegiado para políticos, ao afirmar que os magistrados mudaram a regra “no meio do jogo”.

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma da Corte, marcou para o dia 25 de março o julgamento que pode tornar Bolsonaro réu por golpismo. Além de Zanin, participam da sessão a ministra Cármen Lúcia e os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Luiz Fux.

Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em fevereiro, por participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

De acordo com a acusação, Bolsonaro cometeu os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Questionado sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, Bolsonaro afirmou que “não sabia” previamente do movimento. O ex-presidente voltou a defender a anistia para os condenados pela participação no movimento e justificou o motivo pelo qual decidiu sair do país e não passar a faixa para o presidente Lula.

— Fui para os Estados Unidos porque tínhamos um pressentimento que algo poderia acontecer no Brasil. Não confio nesse cara que está chegando. E vou curtir a minha ressaca lá fora. Se eu ficasse aqui estava ferrado — afirmou.

Críticas ao STF

O ex-presidente afirmou que não articulou por uma CPI Lava Toga — para investigar o Judiciário — durante o período no Planalto por preferir “não entrar em uma briga sem chance de vitória”, apesar do que chamou de uma extrapolação na atuação do STF.

O ex-presidente também voltou a criticar a urna eletrônica e negou que as Forças Armadas “se intrometeram” no processo eleitoral de 2022.

Bolsonaro ressaltou que os militares fizeram parte de uma comissão de transparência organizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas foram “boicotados em tudo que é lugar”. O ex-presidente disse estar atualmente “recluso” e alegou não manter contato com militares.

Sobre a delação de Mauro Cid no caso da trama golpista, o ex-presidente afirmou que o ex-ajudante de ordens não participou de uma reunião dele com generais que não fosse aberta. O ex-presidente também alegou que Cid foi “torturado” durante depoimento de delação.

— Foi citado a esposa dele e a filha (na delação). Então, ele foi cedendo. Algumas coisas que ele fala são verdades, e outras eu fico pensando: como esse cara teve conhecimento disso se eu não estava sabendo? — disse.

Na delação, Cid afirmou que Bolsonaro teria redigido um decreto para instaurar um “estado de defesa” com o objetivo de impedir a posse do petista.

Confrontado pelo entrevistador, o ex-presidente também admitiu que o Pix “começou” no governo de Michel Temer. Em diversas ocasiões, Bolsonaro afirmou que o sistema bancário foi criado durante a sua gestão.

Redução da idade mínima

Bolsonaro afirmou ser contrário à diminuição da idade mínima para concorrer aos cargos de senador e de presidente da República. O ex-presidente citou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do deputado federal Eros Biondini (PL-MG) cujo objetivo é reduzir a idade mínima para a disputa dos cargos de 35 para 30 anos.

— Não dá. Eu me lembro dos meus 30 anos de idade, eu pensava coisas… Nada como a idade. Até porque diminuiria de presidente e senador, de 35 para 30. Não dá nem pra senador pensar. Até porque não ia passar no Senado, que a velharia do Senado que quiser ir pra reeleição não queria aumentar ali a concorrência, não ia. Não foi pra frente isso aí.

Entretanto, o ex-presidente disse haver “lideranças” jovens na direita, e alguns “já têm uma certa maturidade”.

— Não é só o Nikolas não, um montão. Acho que mais uma eleição, essa garotada tá na ponta dos cascos. Agora, dá para disputar alguns e dá até para ganhar. E quando falo alguns, é gente que está no Executivo, tá no Senado, já tem uma certa maturidade. Outros, vão aprendendo.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-compara-popularidade-de-michelle-a-de-gusttavo-lima-mas-diz-que-nunca-a-lancou-ao-planalto/