
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar em perseguição política após se irritar com uma declaração do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), que sugeriu que eleitores bolsonaristas deveriam “ir para a vala”. Segundo Bolsonaro, a frase configura incitação à violência e deveria provocar “repúdio imediato” e medidas institucionais.
“A declaração é um discurso carregado de ódio. Em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes. Mas nada aconteceu”, escreveu o ex-mandatário nesta segunda-feira (5) em sua conta no X (antigo Twitter). Ele também criticou a ausência de medidas como abertura de inquérito ou ações da Polícia Federal.
Bolsonaro, no entanto, é lembrado por ter usado retórica semelhante, como informa o portal Diário do Centro do Mundo, durante sua campanha presidencial de 2018. Em um comício em Brasília, subiu em um trio elétrico, simulou uma arma com um tripé de câmera e disse que era preciso “fuzilar a petralhada”. A frase gerou forte repercussão à época e motivou uma queixa-crime apresentada pelo PT, que foi posteriormente arquivada pelo então ministro do STF Ricardo Lewandowski, sob o argumento de que o presidente não poderia ser responsabilizado por atos alheios ao exercício do cargo.
Apesar disso, Bolsonaro agora afirma que, caso um de seus aliados dissesse algo similar ao que foi dito por Jerônimo Rodrigues, as consequências seriam severas. “Seria manchete, prisão, processo por ‘discurso golpista’ e ‘incitação ao ódio’. O padrão é claro: só há crime quando convém ao sistema, só há repressão quando o alvo é a oposição”, escreveu o ex-presidente.
Em outro trecho da postagem, Bolsonaro recorreu a uma retórica mais elaborada — que ele próprio ironizou como “frase escrita pelo Chat GPT” — para acusar o petista de estimular a violência: “Não apenas normaliza o ódio, como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente”.
A fala de Jerônimo Rodrigues foi proferida durante um evento oficial na Bahia e gerou reações críticas, especialmente de setores ligados à direita. Até o momento, não houve manifestação do Ministério Público ou de órgãos federais em relação ao caso.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-critica-fala-de-jeronimo-rodrigues-mas-ja-defendeu-fuzilar-a-petralhada-em-campanha/