25 de março de 2025
Bolsonaro critica “jabuticaba judicial” em mensagem enviada a aliados antes
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O ex-presidente Jair Bolsonaro enviou uma mensagem a aliados mais próximos na manhã desta terça-feira em qual nega ter participado de um plano para permanecer no poder mesmo após a derrota eleitoral de 2022. O texto foi distribuído pouco antes do início do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode tornar ele réu por tentativa de golpe. No texto compartilhado em grupos de WhatsApp e Telegram, Bolsonaro também afirmou que “confia na justiça”.

O ex-mandatário elenca pontos que, em sua versão, comprovariam uma perseguição política do Judiciário. Ele afirma que o julgamento tem por objetivo impedi-lo de participar das próximas eleições presidenciais, em 2026.“Me acusam de um crime que jamais cometi – uma suposta tentativa de golpe de Estado. Conversei com auxiliares alternativas políticas para a Nação, mas nunca desejei ou levantei a possibilidade da ruptura democrática”, afirma o ex-presidente,

Bolsonaro cita ainda ter um filho “obrigado a morar nos EUA” por causa de perseguição política, em referência a Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se licenciou do mandato de deputado. O parlamentar, contudo, não é alvo de acusação sobre participação na tentativa de golpe.

No texto, o ex-presidente também critica a condução da investigação por Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, chamando o episódio de “jabuticaba judicial”.

“O relator do processo é, ao mesmo tempo, vítima, investigador e julgador de sua própria causa – outra aberração, uma verdadeira “jabuticaba judicial”, impensável e inimaginável em verdadeiras democracias e num pleno Estado Democrático de Direito”, diz Bolsonaro.

Mais cedo, Bolsonaro desembarcou em Brasília e se disse “tranquilo”. O entorno do ex-mandatário espera um revés por unanimidade nos votos dos ministros do Supremo. A expectativa é de um 5 a 0 para que a Primeira Turma do STF aceite abrir uma ação penal contra os citados pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Votarão os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Nos últimos dias, a defesa de Bolsonaro se frustrou por não conseguir tirar Zanin e Dino do julgamento sob o argumento de suspeição, já que eles processaram o ex-presidente no passado.

Bolsonaro voltou a reforçar a tese de que não deveria ser julgado pela Primeira Turma do Supremo. Ele assistirá o julgamento com apoiadores, na residência do deputado Luciano Zucco, em Brasília. 

— Minha defesa vai contestar o foro. Estou tranquilo, nada dessa defesa se sustenta. Eu espero a justiça, apenas isso. As acusações são feitas de forma parcial pela Polícia Federal. Os advogados vão levantar a tese do foro. A Lava Jato teve mais de 200 delações, enquanto o meu processo é baseado em apenas uma delação. Nos deram 15 dias para me defender de um processo com mais de cem mil páginas — disse o ex-mandatário. 

Além de Bolsonaro, foram acusados pela Procuradoria-Geral da República: o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Braga Netto, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o ex-ministro da Justiça, Paulo Sérgio Nogueira, o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Para mobilizar a opinião pública, parlamentares aliados de Bolsonaro devem fazer cortes semelhantes, contestando trechos das falas dos ministros e compartilhando nas redes. A mobilização se justifica também por outro motivo: há uma preocupação de não parecer que Bolsonaro encontra-se “ilhado”, sem apoios, e que isso se some às críticas à manifestação esvaziada que pôde ser vista neste mês, no Rio. A ideia é que os apoiadores de Bolsonaro demonstrem uma crescente na atuação nas redes até a manifestação que vai ocorrer em São Paulo.

Segurança reforçada

Ciente de que o julgamento pode mobilizar manifestações, a Corte preparou um esquema especial, que inclui segurança reforçada, transmissão da TV Justiça e até precauções contra ciberataques. O planejamento diferenciado ocorreu desde a convocação de três sessões extraordinárias, duas delas de manhã, para analisar o caso. Um plano de segurança foi elaborado em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Haverá policiamento reforçado e controle de acesso mais rigoroso. O reforço também ocorre na segurança digital, contra eventuais ataques hackers.

O julgamento começa com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes. Depois, quem vai se manifestar é o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Na sequência, será a vez das defesas dos acusados. Em seguida, os ministros vão se posicionar se aceitam a denúncia, ou seja, se defendem que os acusados virem réus, ou se vão rejeitá-la. A ordem de votos é a seguinte: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Com informações de O GLOBO.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-critica-jabuticaba-judicial-em-mensagem-enviada-a-aliados-antes-de-julgamento-no-stf/